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Suíça liberta Polanski; nega extradição aos EUA

12/07/2010 13h46

Por Jason Rhodes

BERNA, SUÍÇA - A Suíça anunciou na segunda-feira que não vai extraditar Roman Polanski aos EUA, para ser sentenciado por ter mantido relações sexuais ilegais com uma menina de 13 anos em 1977, e decidiu libertar o cineasta premiado com o Oscar, que estava detido havia dez meses.

A ministra da Justiça da Suíça, Eveline Widmer-Schlumpf, disse que decidiu contra a extradição em função de potenciais falhas técnicas nos pedidos feitos pelos EUA, mas também porque Polanski veio à Suíça durante anos em boa-fé.

"Polanski é um homem livre desde 11h30 de hoje", disse a ministra em coletiva de imprensa concedida na capital suíça, Berna.

"Ele poderá ir à França, à Polônia ou qualquer outro lugar onde não será preso."

Roman Polanski, 76 anos, que recebeu um Oscar de melhor diretor por "O Pianista", seu retrato comovente da vida no gueto judaico de Varsóvia durante a 2a Guerra Mundial, ainda estava em seu chalé nas montanhas na estação de esqui de Gstaad, onde vinha cumprindo prisão domiciliar.

A ministra disse que a tornozeleira eletrônica que a Suíça vinha usando para controlar seus movimentos foi desligada.

"Não se trata de qualificar um crime. Esse não é dever nosso. Não se trata de decidir sobre culpa ou inocência", disse Widmer-Schlumpf.

A ministra afirmou ainda que os Estados Unidos podem mover um recurso internacional contra a decisão, mas que não prevê que isso seja feito.

"ALÍVIO"

O anúncio foi feito após meses de incerteza em relação à possibilidade de Polanski ser obrigado a retornar aos Estados Unidos, depois de ter sido preso em setembro de 2009 ao chegar a Zurique para receber de um festival de cinema um prêmio pelo conjunto de sua obra.

O advogado de Polanski, Hervé Temime, disse: "É uma satisfação enorme e um grande alívio, após o sofrimento vivido por Roman Polanski e sua família."

A prisão do cineasta motivou reações de protesto da indústria de cinema global e em alguns círculos políticos da França, onde ele reside há muitos anos. Diversos cineastas, desde Woody Allen e Martin Scorsese até Jean-Luc Godard, expressaram apoio a Polanski.

Depois de passar um período breve na prisão, Polanski, que tem dupla cidadania, francesa e polonesa, foi colocado em prisão domiciliar em dezembro de 2009 em Gstaad, enquanto as autoridades suíças aguardavam os resultados de procedimentos legais nos EUA.

Polanski confessou-se culpado de ter tido relações sexuais com a menina, mas fugiu dos Estados Unidos na véspera de sua condenação, em 1978, porque acreditava que um juiz poderia passar por cima do acordo judicial fechado, possivelmente sentenciando-o a 50 anos de prisão.

Desde então, ele viveu na Europa, enfrentando a possibilidade de ser preso se voltasse a colocar os pés em solo americano e levando sua carreira no cinema adiante fora de Hollywood.

Nascido em 1933 de pais judeus poloneses, sua vida foi marcada por uma fuga do gueto de Cracóvia e pelo assassinato de sua esposa grávida, a atriz Sharon Tate, em 1969, por seguidores de Charles Manson, líder de uma seita.

Polanski é conhecido sobretudo por filmes clássicos como "Chinatown", que recebeu 11 indicações ao Oscar, e "O Bebê de Rosemary".

Ele completou seu filme mais recente, "O Escritor Fantasma", baseado em um best-seller de Robert Harris, enquanto estava em prisão domiciliar na Suíça.

(Texto de Lisa Jucca; reportagem adicional de Catherine Bosley e Silke Koltrowitz)