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Angelina Jolie agita mundo masculino dos filmes de ação

Angelina Jolie em cena do filme ""Salt"" - Divulgação
Angelina Jolie em cena do filme ''Salt'' Imagem: Divulgação

15/07/2010 15h34

Por Jay A. Fernandez

LOS ANGELES, EUA - A organização nacional de mulheres deveria enviar um presente a Angelina Jolie (ou vice-versa).

A humanitária de Hollywood mais famosa em todo o mundo pode não ter acabado sozinha com a desigualdade de gêneros no cinema, mas não há dúvida de que tem feito muito pelas atrizes. Se não, como explicar os 20 milhões de dólares que vai receber pelo próximo grande lançamento da Sony neste verão norte-americano, "Salt", um trabalho de ação que foi escrito originalmente para ser protagonizado por homem - e não um homem qualquer, mas Tom Cruise?

"É sem dúvida incomum uma mulher virar estrela de ação", diz o produtor de "Salt", Lorenzo di Bonaventura. "Mas é engraçado: Angelina Jolie não é uma mulher que protagoniza filmes de ação, é protagonista de filmes de ação, simplesmente. Na realidade, é a primeira mulher a transcender a questão de gênero. Acho que isso nunca antes aconteceu."

Confirmando o que diz o produtor, um ator ou atriz precisa realmente ser fora do comum para que um filme de ação de grande estúdio seja reescrito para o protagonista virar a protagonista. É algo semelhante ao fato inovador de, 25 anos atrás, Jerry Bruckheimer ter modificado o papel principal de "Um Tira da Pesada", que seria de um personagem branco, para que pudesse ser representado por um ator negro de 22 anos chamado Eddie Murphy.

Mas, quando se considera o histórico de Angelina Jolie, isso não surpreende muito. Nos últimos dez anos, ela atuou em cinco filmes de ação que tiveram bilheteria média de 124 milhões de dólares nos EUA. Mundialmente falando, as bilheterias desses filmes chegam a quase 1,5 bilhão de dólares. E esses foram apenas seus papéis de ação: "O Procurado" (2008), "Sr. e Sra. Smith" (2005), "Lara Croft Tomb Raider - A Origem da Vida" (2003), "Lara Croft Tomb Raider" (2001) e "60 Segundos" (2000).

Dirigido por Philip Noyce, "Salt", em que Jolie faz uma espiã da CIA que é acusada de ser agente estrangeira infiltrada e é obrigada a fugir, estreia dia 23 de julho nos Estados Unidos e deve fazer essa bilheteria total subir bem. As previsões são de que "Salt" renda mais de 30 milhões de dólares em sua abertura, mas sua única concorrência no fim de semana será o infantil "Ramona and Beezus" e "A Origem", em sua segunda semana nos cinemas, o que significa que o interesse por "Salt" deve aumentar até a estreia.

Nenhuma outra atriz na história de Hollywood conseguiu alcançar a posição de Jolie em um gênero dominado pelos homens. Na realidade, ela realizou mais que isso. Seu salário habitual, que recebeu por "Salt" e "Tourist", é igualado por apenas um dois outros atores no mundo, com 20 milhões de dólares antecipados, uma parcela considerável dos lucros e mais outros benefícios adicionais. Jolie já recebia 15 milhões de dólares por "Sr. e Sra. Smith" e "O Procurado".

"O fato de que ela está na indústria do entretenimento e pode receber um salário aproximado ao dos atores homens é uma anomalia", diz Lori Watson, diretora de estudos das mulheres e de gêneros na Universidade de San Diego. "Talvez ela possa comandar o salário, mas não conseguirá romper com a expectativa de que as mulheres sejam belas, sexualizadas, que se enquadrem em determinado padrão e se comportem de determinada maneira."

Angelina Jolie tem apenas 35 anos. Pelos padrões de Indiana Jones, portanto, ainda pode contar com mais 30 anos de corridas, socos e saltos pela frente. Embora ela tenha reduzido seus compromissos de trabalho para um filme por ano, ela já tem sequências de "Salt", "Procurado" e possivelmente até mesmo "Tourist" para avaliar.