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"Criaturas da Noite" é o projeto dos sonhos de Guillermo del Toro

O diretor Guillermo del Toro posa para foto em Los Angeles, em imagem de 2008 - AP
O diretor Guillermo del Toro posa para foto em Los Angeles, em imagem de 2008 Imagem: AP

22/07/2010 21h05

Por John Gaudiosi

SAN DIEGO, EUA - Desde que chamou a atenção de Hollywood com "Cronos", sua estreia na direção de longa-metragem, ainda no México, Guillermo del Toro sempre buscou filmes de fantasia e terror que assistiria se fosse um mero fã.

Foi assim que ele transformou a série cult de quadrinhos "Hellboy" em dois filmes de sucesso, para depois fazer o mesmo com "Blade 2". Ele pretendia fazer a série "Hobbit", que roteirizou em parceria com o produtor Peter Jackson, mas atrasos o levaram a mudar de foco.

Em visita à feira Comic Con, ele falou sobre como pretende assustar as plateias em "Criaturas da Noite". A previsão de estreia no Brasil é 26 de novembro.

Reuters - Qual a sua ligação com a Comic Con?

Guillermo del Toro - A Comic Con é uma celebração da cultura  - anime, filmes de ficção científica, terror, qualquer coisa que esteja dentro do âmbito da cultura "geek" e seja interessante para eles. É o paraíso. Normalmente tento viajar com uma mala vazia, e acabo voltando para casa com uma mala e quatro ou cinco caixas cheias de coisas.

Reuters - Por que "Criaturas da Noite" é um projeto apaixonante?

Guillermo del Toro - É um filme com que sonhava em me envolver desde que comecei a fazer filmes profissionalmente. Levei sete anos para obter os direitos e outros 13 para fazer. Então foi uma viagem de 20 anos no total.

Reuters - O que o diferencia dos filmes de terror recentes?

Guillermo del Toro - Estamos voltando a um filme de terror realmente clássico e gótico, com criaturas interessantíssimas. Não estamos indo para o "hardcore" sanguinolento, quase pornô, de um filme adolescente. Não há protagonistas adolescentes. Está mais perto de um conto de fadas que deu terrivelmente errado. E as criaturas são bem interessantes e muito fiéis às criaturas originais no filme de 1973.

Reuters - Hollywood vem refazendo muitos filmes de terror recentemente. Você acha que as ideias originais se esgotaram?

Guillermo del Toro - Acho isso um clichê, porque a versão mais famosa de "Frakenstein", que é a de James Whale, havia sido feita antes como curta-metragem mudo por Edison. E depois de James Whale veio Terence Fisher com uma brilhante versão de "Frankenstein", e assim por diante. Acho que, quando você pensa em alguns dos melhores filmes do gênero, muitos foram remakes. Acho que a versão de Cronemberg para "A Mosca" é um enorme avanço. "O Médico e o Monstro" de Rouben Mamoulian, é superior às versões que vieram antes dele.

Reuters - Qual o segredo do sucesso num remake?

Guillermo del Toro - Acho que um remake precisa ser guiado por uma paixão do cineasta por contar a história, e não pelo departamento de marketing de um estúdio. Acho que essa é uma enorme diferença. Se você tem um cineasta que é muito apaixonado para contar uma história - por exemplo, sou absoluta, insanamente apaixonado por refazer "Frankenstein", o livro - então é uma intenção válida.

Reuters - Como foi abandonar "O Hobbit"?

Guillermo del Toro - Foi a maior dor no coração que experimentei profissionalmente, mas ao mesmo tempo foi o que eu precisava fazer, porque não foi uma decisão leviana. Estou inteiramente em paz com ela. Foi muito abençoado por estar imerso naquele mundo, e igualmente animado por estar trabalhando nos próximos filmes.