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"Homens em Fúria" traz duelo entre De Niro e Norton

Depois de "A Cartada Final" (2001), Robert DeNiro e Edward Norton voltam a contracenar no filme "Homens em Fúria" - Divulgação
Depois de "A Cartada Final" (2001), Robert DeNiro e Edward Norton voltam a contracenar no filme "Homens em Fúria" Imagem: Divulgação

21/10/2010 13h40

No suspense "Homens em Fúria" há um embate tanto entre os dois protagonistas quanto entre os atores Robert de Niro e Edward Norton. Dois grandes intérpretes que há muito tempo não encontravam um trabalho à altura de seus talentos. Eles já haviam trabalhado juntos em 2001, em "A Cartada Final", mas o filme era tão mal resolvido que nem Marlon Brando conseguiu se sair bem.

Aqui, o diretor John Curran ("O Despertar de uma Paixão") sagazmente deixa espaço para os dois atores se digladiaram em cena. Ao final, sobram vestígios de uma guerra que vale a pena testemunhar. O roteiro, assinado por Angus MacLachlan ("Retratos de Família"), tem um ponto de partida simples que poderia servir a qualquer filme policial. Stone (Norton) está preso e pleiteia uma condicional. O oficial encarregado de dar um parecer é Jack (De Niro) - veterano a poucas semanas da aposentadoria.

Há, obviamente, um jogo de gato e rato entre os dois - mas aqui o mais forte é a arte da manipulação. Stone precisa tocar nas teclas certas para convencer Jack de que está recuperado - ele foi preso por causar um incêndio que pode ter matado seus avós. Entra também no jogo a mulher do preso, Lucetta (Milla Jovovich, da série "Resident Evil"), que não mede esforços para ajudar o marido. Os interesses da moça, na verdade, nunca ficam muito claros. Talvez, no fundo, ela seja apenas ninfomaníaca e a liberdade de Stone seja apenas um pretexto para o caso que ela passa a ter com Jack.

"Homens em Fúria" é um filme sobre muitos temas: segunda chance, redenções, perda de controle e fé. Esta, aliás, tem um papel central para Jack, pois ele parece numa encruzilhada sobre suas crenças. Passa o tempo todo ouvindo sermões gravados e sua mulher, Madylyn (a ótima Frances Conroy, da série "A Sete Palmos"), está em vias de se tornar uma fanática religiosa que vê em qualquer incidente um castigo de Deus.

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Em suas entrevistas com Jack, Stone insiste na questão da segunda oportunidade. "Você nunca fez nada de errado? Sequer levou uma multa de trânsito?", pergunta. A resposta do oficial é sempre um não. Mas, como sabemos desde a primeira cena, uma impulsividade o consome, o que acaba se tornando um indício de sua fragilidade.

Na direção, Curran não inventa muito, nem com a fotografia, movimentos de câmera ou montagem. O aspecto técnico mais trabalhado é o som, repleto de ruídos, declamações da bíblia e sermões. Nas imagens, sobra espaço para De Niro e Norton brilharem, e eles conseguem tirar o máximo de cada personagem.

Stone não está muito distante do neonazista que Norton fez em "A Outra História Americana". A sua passagem pela cadeia nesse filme, no entanto, não é tão traumática. Um momento de epifania, nas palavras do próprio personagem, traz uma mudança profunda.

"Homens em Fúria" é um policial que aposta exatamente naquilo que o gênero parece ter deixado de lado em Hollywood: estudo de personagens. A tensão e o suspense são resultados das interpretações e o enfrentamento entre De Niro/Jack e Norton/Stone é muito bem orquestrado. Claro que o fato de ter dois grandes atores nesses papéis conta e muito.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb