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"O Solteirão" investe no charme cruel de Michael Douglas

No  filme "O Solteirão", Michael Doulgas vive personagem parecido com o que lhe rendeu Oscar - Divulgação
No filme "O Solteirão", Michael Doulgas vive personagem parecido com o que lhe rendeu Oscar Imagem: Divulgação

21/10/2010 13h14

Tudo em "O Solteirão" gira em torno de Michael Douglas. Ninguém compraria um carro, usado ou não, de Ben Kalmen, o ex-dono de concessionárias de automóveis caído em desgraça depois de uma série de golpes contábeis.

O sujeito é amargo, desagradável, vaidoso, mulherengo, um prato cheio, enfim, para o tipo de personagem que consagrou Douglas, feito à imagem e semelhança do especulador Gordon Gekko - que lhe deu o Oscar de melhor ator pelo filme "Wall Street - Poder e Cobiça" (1987), de Oliver Stone.

Dirigido por Ben Koppelman, com roteiro dele mesmo e de David Lieven - a mesma dupla que assinou a história de "13 Homens e um Novo Segredo" -, o filme tenta um tom de comédia que a todo momento é quebrado pelo peso das escolhas deste ambíguo protagonista.

Não restam muitas cartas na manga para Kalmen depois que ele perdeu todo o seu dinheiro, enfrentou problemas na justiça e destruiu um longo casamento, com Nancy (Susan Sarandon). Tudo começou num momento em que o vendedor enfrentou uma dúvida com sua saúde e, por medo de uma verdade que ele nem sabe qual é, passou sistematicamente a destruir o que foi até ali o seu mundo seguro.

Mesmo arruinado, ele não perde a pose. Ainda lhe restam um bom figurino, um belo carro e algum dinheiro. Sua principal diversão, porém, está na conquista de mulheres. Ele não pode ver passar um rabo de saia que logo sai a campo, proibindo o netinho de chamá-lo de avô e a filha adulta, Susan (Jenna Fischer, de "Escorregando para a Glória"), de chamá-lo de pai sempre que uma bela moça está por perto.

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Ben conta com uma mulher, sua namorada do momento, Jordan (Mary-Louise Parker, de "As Crônicas de Spiderwick"), para levá-lo de volta ao topo. A senhora é bem-relacionada e pode ajudá-lo a obter de volta uma licença para abrir uma revendedora de veículos. Tudo caminha bem até que Jordan pede a Ben que acompanhe sua filha de 18 anos, Allyson (Imogen Poots, de "Extermínio 2"), a uma universidade que ela pretende cursar e onde é ele quem tem alguns conhecimentos.

Allyson é páreo para o madurão conquistador - e talvez mais perversa do que ele pensa. Seguem-se uma série de reviravoltas, que colocam Ben em contato com seu passado, especialmente com o amigo Jimmy Merino (Danny De Vito).

O elenco, aliás, é um dos pontos altos do filme. Mas não rende tudo o que podia porque o enredo está amarrado demais ao protagonista, dando-lhe espaço demais - parecendo que se trata de um veículo para, mais uma vez, lembrar Douglas para uma indicação ao Oscar.

Ben Kalmen é o tipo do papel, aliás, que um ator com as credenciais de Douglas faz de olhos fechados, no piloto automático. Esperando-se que ele se recupere plenamente de sérios problemas de saúde - recentemente, tratou-se de um tumor na garganta -, é de se torcer para que possa dar uma guinada na carreira, procurando papeis mais diversificados.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb