Topo

Besson cultua heroína de quadrinhos em "Múmias do Faraó"

No filme "As Múmias do Faraó", Adèle viaja ao Egito - Divulgação
No filme "As Múmias do Faraó", Adèle viaja ao Egito Imagem: Divulgação

28/10/2010 13h27

O irregular diretor e roteirista francês Luc Besson nunca escondeu sua predileção em trazer humor para seus filmes de aventura e ação. Exemplos como "O Quinto Elemento", "Táxi", "Carga Explosiva" e até o sensível "O Profissional" falam por si. Assim, não é de se estranhar que ele tenha roteirizado e dirigido "As Múmias do Faraó", baseado na obra de Jacques Tardi, um dos mais reconhecidos autores de quadrinhos da França.

Porém, antes de falar da adaptação de Besson, que estreia em circuito nacional, é preciso entender a que vem esta produção. Não se trata de um filme sobre múmias, embora elas estejam presentes na trama, e sim de uma tradução fiel de "As Aventuras Extraordinárias de Adèle Blanc-Sec", como o autor batizou, Luc Besson manteve, mas a versão brasileira omitiu.

De forma comparativa, seria como dar outro título aos quadrinhos "As Aventuras de Tintin", do belga Hergé. A história "Tintin no Tibet", por exemplo, se tornaria, pelo mesmo princípio adotado no Brasil no filme de Besson, "Os Monges do Tibet". Uma mudança de foco, enfim.

TRAILER DO FILME "AS MÚMIAS DO FARAÓ"

A constatação é importante, pois a trama, a princípio, é um pouco confusa. Com um humor marcadamente francês, a história começa com a apresentação dos personagens por um narrador, que introduz o espectador no tempo (1911) e no espaço (Paris). Algo similar ao visto no início de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", de Jean-Pierre Jeunet, mas sem a genialidade deste último.

O narrador explica que o antropólogo, especialista em história egípcia, professor Esperandieu (Jacky Nercessian), sabe como reviver o que está morto. Com os conhecimentos antigos do povo do Nilo, ele traz à vida um pterodáctilo, que passa, mais tarde, a aterrorizar Paris.

Nesse contexto, é apresentada a protagonista: a repórter Adèle Blanc-Sec (Louise Bourgoin, de "O Pequeno Nicolau"). Disposta a curar sua irmã, que vive em estado vegetativo após um acidente, ela vai ao Egito roubar a múmia do médico do faraó Ramsés II, com a esperança que Esperandieu reviva o profissional egípcio. Na fantasia criada por Tardi, os conhecimentos ancestrais podem salvar Agathe (Laure de Clermont-Tonnerre) de seu mal.

Com um humor que beira o pastelão, a narrativa flui entre a missão de Adèle e a caça ao animal jurássico, o tal pterodáctilo, pelos personagens secundários. Nesse meio, há o detetive trapalhão, o cientista apaixonado, o caçador maluco, entre outros coadjuvantes voltados ao alívio cômico do que se vê na tela.

Um destaque no elenco é Mathieu Amalric ("Conto de Natal", "O Escafandro e a Borboleta") - que interpreta o vilão Dieuleveult e pode passar despercebido sob uma pesada maquiagem, que o torna quase irreconhecível.

Besson não é muito literal ao tratar da personagem Adèle em seu filme. Ensimesmada e cínica, a heroína de Tardi parece mal representada na versão cinematográfica. Como é criada para ser a primeira parte de uma franquia, "As Múmias do Faraó", ou melhor, "As Aventuras Extraordinárias de Adèle Blanc-Sec", já tem uma continuação encaminhada. Resta saber se o segundo filme fará jus à heroína de Tardi.

(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb