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"Vida sobre Rodas" revive primórdios do skate no Brasil

Equipe filma skatista dentro de tubo para o documentário "Vida Sobre Rodas", de Daniel Baccaro - Eduardo Anizelli/Folhapress
Equipe filma skatista dentro de tubo para o documentário "Vida Sobre Rodas", de Daniel Baccaro Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

25/11/2010 13h06

"Vida sobre Rodas", que estreia no País nesta sexta-feira (26), é, a princípio, um documentário sobre skate no Brasil. Mas, no fundo, é uma ação entre amigos na qual o diretor, Daniel Baccaro, reúne uma turma de skatistas famosos que trocam lembranças e impressões sobre suas vidas, carreiras e o esporte.

O filme é uma celebração tanto do esporte quanto das figuras de Bob Burnquist, Sandro Dias, Lincoln Ueda e Cristiano Mateus - nomes de ponta do skate nacional que começaram na década de 1980. E alguns continuam até hoje com fama internacional.

Para os não-iniciados, o filme tem um esquema bastante explicativo para mostrar quem é cada um dos rapazes, sua importância no cenário nacional e internacional e o desenrolar de sua carreira. Mas "Vida sobre Rodas" é mesmo para skatistas - as imagens são mais interessantes, boa parte do tempo, do que as entrevistas. São manobras - do passado e do presente - que colorem a tela.

TRAILER DO FILME "VIDA SOBRE RODAS"

As entrevistas - que além do quarteto traz esportistas renomados, como Christian Hosoi, Lance Mountain e Tony Hawk -, muitas vezes têm um tom memorialista, com os protagonistas revirando seu baú de memórias de um tempo em que andar de skate era uma mistura de transgressão e ato político.

Baccaro, no entanto, concentra-se no skate como uma prática esportiva, tocando superficialmente na manifestação cultural, política ou forma de expressão pessoal. O filme lembra momentos como o da proibição de se andar de skate em São Paulo, determinada em 1988 pelo então prefeito Jânio Quadros. Praticar o esporte se transformou em mais do que um ato de rebeldia.

São momentos como esse no documentário que trazem densidade e mais interesse para quem não é skatista. Assim como quando Baccaro investe nas histórias pessoais dos praticantes. Muitas das imagens vieram do arquivo pessoal de Ueda, Dias e do extinto programa de televisão "Grito da Rua".

Quando o filme investe num tom intimista - a relação de amizade entre os rapazes, os laços familiares - finalmente aumenta o seu escopo e sai do gueto esportivo. É o que há de melhor no longa.

Evitando temas mais polêmicos - como drogas, por exemplo - "Vida sobre Rodas" passa longe de fazer um raio-X do movimento skatista na década de 1980 no Brasil, mas isso também não parece ser o objetivo de Baccaro. Nesse sentido, uma pesquisa na internet pode ser até mais elucidativa, mas não se terá o mesmo prazer de saborear algumas histórias narradas por seus protagonistas.

(Alysson Oliveira, do Cineweb)

(As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb)