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Filme com Kevin Spacey aborda ganância de bancos e da população

Ator Kevin Spacey em cena do filme ""Margin Call"", de J.C. Chandor - Divulgação
Ator Kevin Spacey em cena do filme ''Margin Call'', de J.C. Chandor Imagem: Divulgação

Mike Collett-White

11/02/2011 12h15

BERLIM (Reuters) - Kevin Spacey atua no drama "Margin Call", cuja história se passa em um banco de Nova York que se apressa a passar adiante enormes dívidas impagáveis, sem levar em conta as consequências disso para o mercado ou para a população.

No papel do chefe de corretores de ações, Spacey sabe que seus atos vão prejudicar a reputação do banco e causar demissões, mas, como os outros personagens de um elenco que inclui Demi Moore, ele se sente obrigado a obedecer ordens, já que é pago para isso.

Chandor disse que o filme, que estreou na competição principal do Festival de Cinema de Berlim nesta sexta-feira, procura humanizar o mundo dos grandes bancos e mostrar que a ganância não se limita ao mundo financeiro.

"Para mim, o roteiro não mostra ganância excessiva da parte de um indivíduo, mas ganância em escala muito pequena da parte da população inteira, nos Estados Unidos com certeza", disse o diretor a jornalistas após a sessão para a imprensa.

Spacey declarou que gostou da oportunidade de mostrar como o crash financeiro de 2008 foi vivido pelas pessoas que estavam em seu cerne.

"Houve um período em que não se podia ver um jornal sem ler que todos os banqueiros eram as pessoas mais horríveis e gananciosas da face da terra", disse o ator, já premiado com o Oscar, em coletiva de imprensa.

"Na realidade, em muitos casos são pessoas comuns, que têm empregos comuns, que não ganham bilhões de dólares e são obrigadas a obedecer às ordens que recebem. Esse é o xis da questão moral, e é por isso que achei o filme fascinante."

Numa história que transcorre ao longo de 24 horas, "Margin Call" começa com demissões em massa feitas com brutalidade quase cômica.

Parece ser algo quase arbitrário decidir quem é demitido e quem fica, contas telefônicas são fechadas no instante em que a pessoa é demitida, e os recém-demitidos são escoltados para fora do prédio segurando caixas de papelão com seus objetos pessoais.

Um analista jovem (Zachary Quinto) recebe um arquivo eletrônico de seu mentor, que acaba de ser demitido, e descobre que o arquivo guarda o segredo sujo do banco: que a instituição tem bilhões de dólares em ativos praticamente sem valor algum.

Jeremy Irons, também já premiado com o Oscar, faz o chefe implacável que é convocado para o escritório sofisticado em Manhattan no meio da noite para uma reunião de emergência do conselho, onde terá de definir a melhor maneira de impedir o banco de ir à falência.