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Deborah Secco leva "Bruna Surfistinha" para as telas com fortes cenas de sexo

24/02/2011 11h26

"Bruna Surfistinha", o filme, chega aos cinemas de todo o país na sexta-feira em 315 cópias, amparado numa grande campanha publicitária (com direito a cinco cartazes diferentes) e mostrando disposição para repetir nas telas o sucesso do livro "O Doce Veneno do Escorpião - Diário de uma Garota de Programa", de Raquel Pacheco e Jorge Tarquini. Publicado em 2005, o livro vendeu 280.000 exemplares e foi traduzido em 15 países.

Dirigido por Marcus Baldini, egresso da publicidade, "Bruna Surfistinha" tem como primeiro grande trunfo a presença carismática da bela atriz Deborah Secco, que vive aqui seu maior papel no cinema, numa carreira até aqui bem mais televisiva.

Em ótima forma aos 31 anos, Deborah convence na pele da protagonista, interpretando-a desde a adolescência, quando ela ainda era a estudante do ensino médio Raquel, até a mais madura Bruna, o nome de guerra que adota na vida de garota de programa - ao qual é somado o aposto "Surfistinha", anos mais tarde, numa inspiração sugerida por seus clientes.

A história segue os passos de Raquel, um peixe fora d'água numa família de classe média, em que ela foi adotada. Não tem privações econômicas mas visivelmente não se enquadra. O mesmo acontece na escola, onde ela vive isolada, sem amigos, e finalmente é vítima de cyberbullying, quando um colega posta na Internet uma foto da intimidade entre os dois.

Raquel sai de casa, rumo ao clube Privé, comandado pela gerente Larissa (Drica Moraes, de "O Bem-Amado"). A princípio tímida, Raquel, que adota o nome de Bruna, rapidamente torna-se a garota mais requisitada da casa, causando ciúme nas colegas. Sua única amiga é Gabi (Cris Lago, de "Olhos Azuis").

TRAILER DO FILME ''BRUNA SURFISTINHA''

Um mundo mais rico e perigoso descortina-se quando ela conhece Carol (Guta Ruiz). Esta se torna sua agenciadora junto a clientes de classe mais alta e sua parceira no aluguel de um novo endereço, num apartamento num bairro grã-fino, onde Bruna atende com hora marcada. Nesse momento, escorada no sucesso de um blog na Internet, onde ela assume o codinome de Bruna Surfistinha, a garota ganha dinheiro como nunca.

Se o filme não se propõe a fazer um discurso moral sobre a prostituição, da mesma forma tem a qualidade de não glamourizá-la - o que acontece com muita frequência no cinema. Ao contrário, há sequências de realismo bem cru, especialmente na fase em que a moça cai em decadência, por conta do abuso da cocaína. As cenas de sexo são eventualmente fortes, mas nunca explícitas.

Também se evita, felizmente, qualquer pieguice. Ela sempre assume que tudo o que fez foi porque quis, porque era essa sua ideia de liberdade, de tomar conta de sua própria vida.

Falta um pouco de dramaturgia, no entanto, para aprofundar um pouco a psicologia da protagonista, o que permitiria que se aproximasse de uma personagem mais inteira e complexa, como a Geni (Darlene Glória) de "Toda Nudez Será Castigada", de Arnaldo Jabor. Mas é claro que ninguém aqui é Nelson Rodrigues, nem aspira a ser.

Outros bons valores do filme estão na equipe de profissionais consagrados, caso do roteirista José de Carvalho - que participou do script de "Como Esquecer", "Querido Estranho" e "O Primeiro Dia" -, do montador Manga Campion ("O Invasor"), do diretor de fotografia Marcelo Corpanni ("Os Inquilinos"), da editora e mixadora de som Miriam Biderman ("A Suprema Felicidade"), do preparador de elenco Sergio Penna ("As Melhores Coisas do Mundo") e dos produtores Roberto Berliner (diretor do documentário "Herbert de Perto") e Bianca Villar (produtora de filmes como "Cão sem Dono", de Beto Brant e Renato Ciasca).

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb