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"Velozes e Furiosos 5" mostra um Rio corrupto e armado

05/05/2011 18h01

Mesmo cercado, o criminoso Dominic Toretto (Vin Diesel) explica para o seu captor americano que não se entregará: "Porque aqui é o Rio (de Janeiro)". A cena, que é acompanhada por gangues empunhando armas e a fuga do policial, pode ser uma síntese do que o espectador irá encontrar numa sessão de "Velozes e Furiosos 5".

Embora incomode a imagem de que cariocas andem por aí armados, prontos para um tiroteio, a cena concentra tudo o que se pode esperar de produções do gênero: diálogos simples, tensão permanente, violência explícita e virilidade robótica dos protagonistas. Tudo sob medida para um tipo público masculino jovem, fissurado em filmes de ação e carrões velozes.

Público fiel, aliás, que lotou as salas de cinema americanas que exibiram o filme, dando a ele um faturamento de 83,6 milhões de dólares só no primeiro fim de semana, fazendo desta sequência não só a mais rentável da franquia, mas a melhor estreia do ano nos EUA, batendo a animação "Rio" (do brasileiro Carlos Saldanha), então em primeiro lugar.

Com um orçamento de cerca de 125 milhões de dólares, o filme também deu novo fôlego ao seu distribuidor, Universal Pictures, e à indústria cinematográfica em geral, que vê seu faturamento diminuir ano a ano.

Para os que acompanharam os filmes anteriores, um agrado dos roteiristas Chris Morgan e Gary Scott Thompson foi o de reunir os personagens da série e respeitar a narrativa histórica.

Assim, esta produção tem início com a fuga de Dominic (Diesel), preso na última sequência, armada por sua irmã Mia (Jordana Brewster) e Brian (Paul Walker), agora, ex-policial e fugitivo.

Em busca de um antigo parceiro de trambiques, Vince (Matt Schulze), o trio viaja ao Rio de Janeiro, onde consegue um trabalho para roubar carros de um trem. O negócio dá errado e eles passam a ser inimigos do chefe do crime carioca, Reyes (o ator português Joaquim de Almeida, de "O Xangô de Baker Street"), tão caricato quanto os policiais corruptos ao seu lado.

TRAILER DO FILME "VELOZES E FURIOSOS 5"

A situação se complica quando o governo norte-americano envia uma equipe de soldados de elite para buscar os criminosos, liderada pelo truculento Hobbs (Dwayne Johnson, de "Escorpião Rei").

Dominic, Mia e Brian chamam então seus antigos colegas Roman (Tyrese Gibson), Tej (Ludacris), Han (Sung Kang), Leo (Tego Calderon) e Gisele (Gal Gadot) - todos participantes de outros filmes da franquia - para roubar a fortuna de Reyes e escapar de Hobbs. Algo inspirado em "Onze Homens e um Segredo".

Dirigido por Justin Lin, "Velozes e Furiosos 5" não se preocupa em mostrar as belezas naturais da cidade ou de seu povo. Além de dispensar atores brasileiros no elenco, nem mesmo tem o cuidado de que os personagens falem realmente português.

Em algumas cenas, o sotaque estrangeiro é tão carregado que mal se entende o que se diz. Mas os únicos que notarão este problema serão os espectadores das poucas cópias legendadas - a grande maioria é mesmo dublada.

Há quem possa reclamar também de que a produção reflete uma imagem negativa do Rio de Janeiro, o que não seria um erro. Mas o que importa aqui é: velocidade, testosterona e o desfile de carros. Veracidade e lógica narrativa seriam um luxo neste caso. Basta ver que a cena mais aguardada é a luta, "na mão", entre os atores de ação Dwayne Johnson e Vin Diesel.

No entanto, para um filme que se apoia na corrida de carros, é preciso dizer que elas estão em falta durante a projeção.

Com exceção da perseguição final, os famosos "rachas" não estão lá. No meio da história, um deles é cortado tão friamente que parece defeito do exibidor. Isso indica uma falta de identidade, bem como que a série irá por outro caminho, já que, como anunciado depois dos créditos finais, ainda há muita fúria pela frente.

(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb