"Transcendendo Lynch" mostra lado zen do cineasta de "Veludo Azul"
Quem procura o cineasta autor de filmes como "Cidade dos Sonhos", "Veludo Azul" e a série "Twin Peaks" não o encontrará em "Transcendendo Lynch", documentário do brasileiro Marcos Andrade que tem como foco a visita do diretor David Lynch ao Brasil em 2008.
Aqui, encontramos o Lynch zen, meditador, que divulga ensinamentos, passando longe das bizarrices como a orelha decepada de "Veludo Azul", a caixinha misteriosa de "Cidade dos Sonhos" ou os misteriosos coelhos gigantes de "Império dos Sonhos".
O documentário é um filme honesto: se propõe a acompanhar a viagem do cineasta, que passou por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre durante o lançamento de seu livro "Águas Profundas: Criatividade e Meditação".
TRAILER DO FILME "TRANSCENDENDO LYNCH"
Não deve ser fácil ser David Lynch. Conversas com o público, em cidades brasileiras, mostram que é preciso ter paciência, pois sempre há ao menos meia dúzia de pessoas filosofando sobre seus filmes, tentando decifrá-los e explicar o inexplicável. A cara de diversão do cineasta diz tudo - ele parece não estar nem aí, quer mesmo é curtir seu passeio.
A maratona com fãs inclui palestras, conversas, tardes e mais tardes de autógrafos a uma fila quilométrica de pessoas. Os fãs, no entanto, não se contentam com uma assinatura em um livro ou DVD; querem mais. E ele dá: autografa braços, calcinha; oferece um cigarro, ouve (aparentemente) atentamente o oferecimento de um roteiro e, dentro do carro, saindo do aeroporto, se pergunta: "o que estou fazendo aqui?".
Boa pergunta, Lynch! E este documentário está aqui para divulgar a meditação transcendental. É preciso simpatizar com o tema para embarcar na proposta deste filme.
Do contrário, o diretor norte-americano não passará de um chato zen disposto a vender seu peixe (curiosamente, as primeiras imagens do filme são peixinhos num aquário). Nesse caso, é melhor lembrar-se do grande David Lynch, aquele que deu ao mundo belos filmes - do contrário, será fácil se entediar com ele.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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