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Suspense "A Inquilina" desperdiça talento de Hilary Swank

21/07/2011 16h30

Pobre Hilary Swank, não tem tido muita sorte nas telas. Em "Amélia" foi uma aviadora que sumiu sem deixar pistas; em "Colheita do Mal" enfrentou pragas de proporções bíblicas; e, agora, em "A Inquilina", encontra um locador que está mais preocupado em persegui-la do que receber o aluguel em dia.

Fica difícil entender as escolhas da atriz - que tem grandes trabalhos em seu currículo, como "Menina de Ouro" e "Meninos não Choram", que inclusive lhe renderam dois Oscar.

Em "A Inquilina", Hilary é Juliet, médica de pronto-socorro que se atola no trabalho para esquecer a separação. Ela encontra um apartamento, não muito novo, mas com preço acessível e perto de seu trabalho. No prédio moram apenas o dono, Max (Jeffrey Dean Morgan, de "Os Predadores"), e seu pai, August (o veterano Christopher Lee, da trilogia "O Senhor dos Anéis").

TRAILER DO FILME "A INQUILINA"

Coisas estranhas acontecem, porque do contrário não haveria filme. Tudo balança quando o trem passa nos trilhos ao lado do prédio, uma taça de vinho tinto cai no piso branco e faz lembrar sangue - esse é o ponto alto da direção nada inspirada do finlandês Antti Jokinen, que até o final dos intermináveis 90 minutos do longa vai abusar da boa vontade do público com o excesso de clichês.

Muito antes da metade da história, Max mostra que não é bem o sujeito bonzinho que até agora fingiu ser. Ele é obcecado por Juliet - e não se dê ao trabalho de perguntar o porquê. Por isso, ele a observa por vãos e frestas que ligam os dois apartamentos. A moça, por sua vez, vai se deixando seduzir pelo locatário. Até o momento em que a trama caminha para a conclusão, que não poderia ser mais frustrante.

O tédio de "A Inquilina" deve muito ao fato de que Jokinen copia sem qualquer pudor clássicos e não-clássicos do gênero psicopatas-em-ação - com a variante apartamento-maldito - sem se dar ao trabalho de criar algo original. Estão aqui "Psicose", "Mulher Solteira Procura" e até "Invasão de Privacidade", sem falar na "trilogia do apartamento" de Roman Polanski: "Repulsa ao Sexo", "O Bebê de Rosemary" e "O Inquilino".

Mas Jokinen não sabe muito bem como orquestrar o pastiche de referências. A história é obvia demais para causar qualquer tipo de comoção no público. Não há tensão de qualquer espécie. E só a distraída Juliet custa a perceber que, algumas vezes, o aluguel anda pela hora da morte.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb