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"Riscado" inspira-se em história real de atriz

08/09/2011 10h57

SÃO PAULO - Realidade e ficção dialogam no premiado "Riscado", que estreia no país após uma longa carreira por festivais, o que rendeu a sua protagonista e ao filme diversos prêmios, como no Festival do Rio do ano passado (atriz) e Gramado deste ano (direção, atriz, roteiro, trilha sonora e Prêmio da Crítica).

É um filme feito de paixão e entrega, tanto por sua protagonista, Karine Telles, quanto por seu diretor, Gustavo Pizzi, que são casados e também assinam o roteiro.

Para Karine, o filme é também uma catarse. Há algum tempo, ela foi selecionada para participar de uma coprodução franco-brasileira, "Rio Sex Comedy". No meio do caminho, foi trocada por outra atriz. "Riscado" conta essa história, ou uma versão dessa história, ou talvez, ainda, uma história parecida com essa.

Na verdade, pouco importa o quão há de real no meio da trama do filme de Pizzi, porque o que conta é o que está na tela.

Karine é Bianca, atriz que consegue se sustentar às custas de trabalhos pouco prestigiosos, mas que ela faz com empenho: telegramas animados, animação de festas, distribuição de panfletos. O teatro é a paixão, é o lado nobre do trabalho. Grosso modo, ela se "vende" para o sistema para bancar aquilo que ama, o teatro.

TRAILER DO FILME ''RISCADO''

Quando ela consegue uma vaga num filme feito no Brasil e dirigido por um francês ela tem a chance da sua vida. Poderá mostrar o seu talento, provar a que veio, e esfregar na cara de parentes e conhecidos invejosos que ela, sim, pode vencer na vida.

Vem então a preparação. Para se entregar ao novo trabalho, ela abandona os outros, pede demissão, corre risco de se endividar, mas está feliz porque faz o que quer, o que sempre acreditou. A entrega é tanta que fatos de sua vida são incorporados ao roteiro do tal filme franco-brasileiro. Bianca está animada e seu dia-a-dia se resume a respirar o novo trabalho.

Por isso, quando a puxada de tapete chega, torna-se algo tão drástico. Difícil não se identificar com a personagem --e nem é necessário ser atriz, ou trabalhar com cinema. Karine empresta a dignidade que a personagem precisa, mas, às vezes, falta um respiro no filme. É Bianca demais, o tempo todo em cena.

Não por acaso, a protagonista é a personagem delineada da trama; aos outros, faltam um tanto de densidade e de humanidade para que se sejam pessoas e não apenas personagens.

(Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb