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Glenn Close injeta "paixão louca" em filme de época

A atriz Gleen Close na première da terceira temporada de "Damages" em Nova York (19/1/2010) - Brainpix
A atriz Gleen Close na première da terceira temporada de "Damages" em Nova York (19/1/2010) Imagem: Brainpix

Cameron French

De Toronto

15/09/2011 11h58

Em 29 anos de carreira como atriz, Glenn Close já foi indicada a cinco Oscars, ganhou três Emmys e convenceu toda uma geração de homens norte-americanos casados a pensarem duas vezes antes de uma traição, graças ao seu papel como a amante obsessiva de "Atração Fatal" (1987).

Mas, em meio a tudo isso, ela nunca deixou de lado o sonho de levar às telas "Albert Nobbs", curiosa história sobre uma mulher que, premida pelas circunstâncias, se faz passar por homem na Dublin do século 19. O filme estreou nesta semana no Festival Internacional de Cinema de Toronto.

Close interpretou o papel-título no teatro em 1982, e há 15 anos começou a se empenhar pela realização do filme - o que incluiu inúmeras versões do roteiro, mudanças no elenco e uma incessante busca por investidores.

"A natureza desse tipo de filme é que você precisa ter essa louca paixão por trás deles, porque eles estão fora da caixa", disse a atriz à Reuters, com um sorriso radiante que nada tem a ver com a reprimida e cabisbaixa personagem do filme.

"Eu sabia que seria difícil. Não sabia que seria difícil durante um período de 15 anos", disse Close, que foi também corroteirista e produtora do filme, dirigido por Rodrigo Garcia.

Com seu rosto pálido e andar chapliniano, Nobbs em nada lembra as "femmes fatales" e figuras autoritárias que marcaram a carreira de Close. Trabalhando como garçonete em um pretensioso hotel dublinense, ela tenta manter a discrição, ocultar sua condição feminina e juntar dinheiro para um dia poder abrir seu negócio. Mas sua clausura é rompida pela chegada do(a) pintor(a) Hubert (Janet McTeer), que guarda um segredo semelhante.

Embora já tivesse encarnado Nobbs no palco, Close se viu num território inexplorado, pois envelheceu 30 anos desde então, e agora precisava interagir com a câmera, e não com a plateia.

"Achei desafiador quando eu fiz tantos anos atrás, e é ainda mais desafiador no cinema porque você tem os primeiros planos (...). O cinema olha para a alma da pessoa", disse ela.

Embora a crítica tenha reagido com certa indiferença ao filme como um todo, foi muito elogiosa quanto à atuação de Close. A Daily Variety diz que se trata de "um papel para coroar uma carreira" e outras publicações especularam que esse papel transgênero poderia finalmente render o Oscar a Glenn Close.