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Com batalhas de navios e Orlando Bloom, "Três Mosqueteiros" remete a "Piratas do Caribe"

11/10/2011 16h34

SÃO PAULO (Reuters) - Juntando-se às já diversas versões cinematográficas do famoso romance de 1844 do francês Alexandre Dumas (pai) no cinema, "Os Três Mosqueteiros," do diretor inglês Paul W. S. Anderson ("Alien vs. Predador"), toma o máximo de liberdade em relação ao texto original ao investir mais em inusitadas batalhas aéreas do que em duelos de capa e espada.

O filme estreia em circuito nacional nesta quarta-feira, feriado no país, em versões convencionais e 3D, em cópias dubladas e legendadas.

Para encaixar as batalhas aéreas em pleno século 17, a época da história, os roteiristas Alex Litvak e Andrew Davies foram buscar inspiração nos projetos pioneiros de Leonardo Da Vinci. Quando o filme começa, há uma intensa movimentação numa cripta, para a captura do projeto de uma máquina de guerra voadora de Da Vinci - para a qual se unem os três mosqueteiros, Athos (Matthew Macfadyen), Porthos (Ray Stevenson) e Aramis (Luke Evans), ajudados pela espiã Milady de Winter (Milla Jovovich).

A sequência, uma das melhores do filme, é ambientada em Veneza. Mas logo acontece a traição de Milady, por quem Athos é apaixonado, já que a bela moça está secretamente a serviço do cardeal Richelieu (Christoph Waltz, de "Bastardos Inglórios"), o cérebro por trás do trono francês, ocupado naquele momento por um ingênuo garoto, Louis 13 (Freddie Fox).

Como na França ninguém sabe da verdadeira agenda do traiçoeiro cardeal, o fracasso dos Mosqueteiros custa-lhes caro. Eles são colocados para escanteio, até que chega do interior o pretendente a quarto membro da trupe, o jovem D'Artagnan (Logan Lerman, de "Percy Jackson e o Ladrão de Raios").

Cheio de garra e vontade de lutar, o garoto injeta vida nova ao trio de veteranos e ainda ganha a simpatia do rei, a quem D'Artagnan dá até conselhos amorosos, ensinando-o como se aproximar mais da rainha Anne (Juno Temple).

O grande desafio dos Mosqueteiros vai começar com a visita do enviado da Inglaterra, o Duque de Buckingham (Orlando Bloom). Supostamente para negociar um armistício com a França, ele desembarca a bordo de um navio voador - a tal máquina projetada por Da Vinci, que foi construída para a supremacia militar britânica, dotada de vários canhões.

TRAILER DE "OS TRÊS MOSQUETEIROS"

Athos, Porthos, Aramis e D'Artagnan vão ter que se deslocar para a Inglaterra, não só para capturar a máquina de guerra e os seus planos, como também uma joia roubada da rainha - que, por tramoia do cardeal, foi parar entre as coisas de Buckingham, só para semear uma intriga entre ela e o rei.

Como acontece muitas vezes neste tipo de aventura, os melhores momentos dependem dos vilões. O mais interessante deles é o braço direito do cardeal, Rochefort (o ator dinamarquês Mads Mikkelsen, de "Depois do Casamento"). Ele dá duro especialmente para cima de D'Artagnan, que vai ter que lutar muito por sua vida diante deste sujeito, decididamente malvado e gostando disso.

Com todo o foco nas sequências aéreas, os efeitos especiais dominam boa parte do filme, que procura manter do texto original alguma noção de honra e patriotismo dos Mosqueteiros - o que não deixa de parecer irônico numa produção entre Alemanha, França, Inglaterra e EUA, inteiramente falada em inglês.

Para não deixar de fora o público feminino, toda esta ação, que visa valorizar o 3D, é constantemente pontuada com tramas românticas, envolvendo o rei e a rainha, Athos, Milady e Buckingham e até o jovem D'Artagnan com uma ama real, Constance (Gabrielle Wilde).

Com tantas peripécias, não se pode negar que o filme é movimentado, muitas vezes divertido. Mas original não se pode dizer que seja. Afinal, com batalhas de navios (ainda que no céu) e Orlando Bloom a bordo, impossível não lembrar de "Piratas do Caribe."

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb