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Drama real inspira tragédia "Entre segredos e mentiras"

20/10/2011 10h51

SÃO PAULO (Reuters) - "Entre segredos e mentiras" é o tipo de filme para ser visto, literalmente, no escuro. Quanto menos informações sobre a trama, melhor para não perder o impacto das revelações e não interferir em seu julgamento final.

O enredo é baseado numa história real, envolvendo o filho de um empresário do ramo imobiliário de Nova York e seu turbulento relacionamento com uma jovem que não admite ser aprisionada pelo casamento.

O filme marca a estréia na direção de ficção de Andrew Jarecki, conhecido pelo documentário "Na Captura dos Friedmans" (2003), sobre um pai de família acusado de molestar crianças.

Deixe um pouco de lado a história de amor que marca o início do filme, pois, como no documentário de 2003, Jarecki está mais interessado no lado sombrio e dúbio do ser humano. No caso, o de David Marks (Ryan Gosling, de "Namorados Para Sempre"), que vive o espírito libertário dos anos 1970 e hesita em assumir um papel mais ativo na empresa do pai, Sanford Marks (Frank Langella).

O pai comanda um esquema de cobrança de aluguéis de casas noturnas, clubes de strip-tease, casas de massagem e apartamentos baratos na mal afamada Rua 42.

David conhece Katie (Kirsten Dunst, de "Melancolia"), que mora num desses apartamentos baratos de seu pai. Tudo parece caminhar para a felicidade do casal. David continua querendo se envolver nos negócios nebulosos do pai, enquanto Katie, que vem de uma família bem-estruturada, luta para realizar o sonho de estudar medicina. Ambos chegam a abrir uma loja de produtos orgânicos no melhor estilo hippie de voltar à natureza.

Trailer de "Entre Segredos e Mentiras"

Mas David começa a apresentar mudanças em seu comportamento, mostrando-se agressivo e pouco tolerante com Katie. Ele decide trabalhar com o pai, mas parece muito pouco confortável com a tarefa de arrecadar o dinheiro dos aluguéis. O ambiente doméstico não é mais o mesmo do início do casamento.

A tensão entre os dois personagens passa a conduzir a trama, num clima de desconfiança mútua. Ela sai de casa, mas concorda em voltar, mesmo sabendo que nada vai mudar, apesar dos insistentes pedidos dela.

A atriz Kirsten Dunst, que tinha acabado de superar um período de depressão na vida real, não poderia ter escolhido filme mais aterrorizante para marcar sua volta ao cinema. E ela se sai muito bem nessa convivência com Ryan Gosling, que encarna um papel mais do que sinistro. Mesmo com toda essa fragilidade, ela consegue fazer emergir uma força interior surpreendente.

(Por Luiz Vita, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb