Com Isabella Rossellini e William Hurt, "Late Bloomers - O Amor Não Tem Fim" trata do envelhecimento com graça
SÃO PAULO (Reuters) - A diretora francesa Julie Gavras ("A Culpa é do Fidel") pode ser, a título de comparação, uma versão europeia de Sofia Coppola. As duas são filhas de cineastas famosos - Costa Gavras e Francis Ford Coppola, respectivamente - mas, nos últimos anos, constroem filme a filme uma carreira sólida e própria, distantes da sombra dos patriarcas.
Em comum também, ambas transformam a experiência pessoal em matéria-prima para seus filmes. Em "Late Bloomers - O Amor Não Tem Fim", Julie se inspira em sua estrutura familiar para criar uma comédia agridoce sobre a maturidade.
Embora o patriarca do filme, Adam, interpretado por William Hurt ("O Beijo da Mulher Aranha") seja um arquiteto famoso, e não um cineasta - como o pai de Julie -, ele incorpora alguns traços inspirados no famoso diretor de "Z". Vivendo sob os holofotes, ele é a estrela da família, e por isso mesmo sempre distante, alienado. Quem cuida de tudo é sua mulher, Mary (Isabella Rossellini, de "Amantes"), professora aposentada, que começa a procurar trabalhos voluntários em que se engajar, mas sempre se decepciona.
O roteiro escrito por Julie e Oliver Dazat gravita em torno desses dois personagens que se aproximam de momentos de virada em suas vidas. Adam, na verdade, está mergulhado na rotina de um trabalho no qual não tem qualquer desafio. Tudo é muito fácil para ele. Por isso, envolver-se com um grupo de jovens funcionários de seu escritório e ajudá-los no inusitado projeto de um museu acaba empolgando-o.
O trio de filhos - interpretados por Kate Ashfield, Aidan McArdle e Luke Treadaway - estranha, é claro, o novo comportamento dos pais, e tentam eles mesmos trazê-los de volta a como eram antes. Não que isso seja mais possível. O casal de filhos mais velhos, muitas vezes, age de forma mais moralista do que os próprios pais.
Embora a trama se situe na Inglaterra, "Late Bloomers" poderia se passar em qualquer grande cidade, pois lida com algo que está se tornando uma questão, tanto na Europa quanto em outros lugares: como lidar com a população, cuja média de idade está cada vez mais alta? Dessa forma, Julie vai ao encontro do cinema político de seu pai - embora num registro mais sutil.
A visão de Julie em relação ao envelhecimento de seus personagens é generosa - mas não desprovida de certo cinismo, especialmente na forma como os filhos reagem às atitudes dos pais.
Em seu primeiro longa, "A Culpa É do Fidel" (2006), a diretora olhava os turbulentos anos de 1970 pelos olhos de uma criança que perdia a inocência enquanto aprendia o peso e a importância das ideologias. Em "Late Bloomers", ela mira sua câmera na outra extremidade da vida, quando se repensa as ideologias e se faz o balanço do que possa ter valido a pena.
(Alysson Oliveira, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.