Com Anne Hathaway, "Um Dia" adapta para o cinema o best-seller inglês de mesmo nome
SÃO PAULO (Reuters) - Baseado no romance homônimo de David Nicholls, "Um Dia" tem um título um tanto enganador. Um dia? O filme parece durar uma eternidade, por conta da direção morosa da dinamarquesa Lone Scherfig ("Educação"). A história central repete "Harry & Sally" (1989) e "Tudo Bem no Ano que Vem" (1978), filmes em que, exatamente como aqui, um casal se encontra todos os anos na mesma data.
Emma (Anne Hathaway) e Dexter (Jim Sturgess, de "Caminho da Liberdade") se conhecem no dia de sua formatura. Na verdade, ela reparou nele há mais tempo, mas ele nunca prestou atenção nela. Naquela noite quase transam e acabam se vendo ao longo de vinte e poucos anos, todos os dias 15 de julho, também conhecido como Dia de São Swithin.
Ao longo de pouco mais de cem minutos, o longa acompanha o dia específico na vida da dupla. Nessa data, às vezes se encontram, às vezes se falam por telefone, às vezes nem lembram da existência um do outro - na verdade, ela sempre se lembra, ele é que não.
Essa necessidade de se concentrar em um dia na vida dos personagens resulta numa narrativa bastante esquemática e um tanto previsível, mirando no poético e acertando no clichê.
Geralmente, "Um Dia" é mais interessante no seu pano de fundo do que naquilo que acontece no primeiro plano da cena. Ou seja, a ambientação - cenários, figurinos, músicas - são eficientes para mostrar bastante a época de cada um dos 15 de julho. De ombreiras a Robbie Williams, muita coisa que atravessou a cultura pop entre 1988 até 2011 fará uma pequena participação no filme.
Ao contrário de seu longa "Educação", aqui a diretora Scherfig (também de "Italiano para Principiantes") tem mais dificuldade em conduzir a narrativa, preocupa-se mais em retratar a data específica do encontro na vida do casal do que compor o caminho entre um ano e outro organicamente. Descobrem-se os desdobramentos meio sem vê-los propriamente.
Mesmo não sendo uma ideia tão original assim, poderia funcionar melhor com personagens mais bem delineados e também se a história fugisse do clímax previsível. Não faz muito sentido a bela e luminosa Emma se apaixonar tão platonicamente e por tanto tempo pelo egocêntrico e pedante Dexter.
Ao final, apenas um dia pode ser pouco demais para Emma e Dexter. Mas vinte vezes o mesmo dia, uma situação que pode assentar bem ao longo de um livro, nesta adaptação para o cinema falha pela falta de atenção às sutilezas que deveriam cobrir as lacunas entre um ano e outro.
(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)
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