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Diretora francesa da nova geração faz crônica das paixões jovens em "Adeus, Primeiro Amor"

Cena do filme "Adeus, Primeiro Amor", de Mia Hansen-Løve - Divulgação
Cena do filme "Adeus, Primeiro Amor", de Mia Hansen-Løve Imagem: Divulgação

15/12/2011 11h57

SÃO PAULO (Reuters) - A crônica dos amores de juventude, que inspirou alguns dos melhores trabalhos de François Truffaut, continua a frequentar a filmografia de diretores franceses da nova geração. É o caso de Mia Hansen-Løve, de 30 anos, que completa em "Adeus, Primeiro Amor" uma trilogia informal em torno das paixões e suas consequências.

Com uma carreira curta, apenas três longas, a diretora já começa a colecionar prêmios. "Adeus, Primeiro Amor" venceu o prêmio especial do júri no Festival de Locarno. Seu filme anterior, "O Pai dos meus Filhos" (2008), conquistou outro prêmio especial, este na seção Un Certain Regard do Festival de Cannes.

Uma particularidade neste trabalho é que o ponto de vista é feminino. Enxerga-se a complicada história romântica entre dois adolescentes a partir da visão de Camille (Lola Créton) - que, quando começa sua história com Sullivan (Sebastian Urzendowsky), tem 15 anos e ele, 19.

A diferença de idade é pouca, mas, no posicionamento diante do mundo, é enorme. Enquanto Camille não vê outra razão de viver a não ser essa paixão exacerbada por Sullivan, ele planeja largar os estudos e fazer uma longa viagem com dois amigos pela América do Sul.

A iminência desta separação marca a primeira crise do casal, levada em clima de tragédia por Camille. Mas Sullivan não abre mão de seu plano.

Quando ele finalmente parte, Camille é forçada a encarar o primeiro grande drama de sua vida. Depois de um período de depressão, começa a descobrir outros interesses no estudo, não no amor - ainda mais enquanto as cartas de Sullivan se acumulam na caixa de correio, mantendo a relação à distância.

O tempo passa e Camille transformou-se numa entusiasmada estudante de arquitetura. É interessante como a história incorpora a fascinação da moça por espaços e lugares, que também pontuaram sua relação com o primeiro namorado, agora em outro contexto.

Camille envolve-se com um professor, Lorenz (Magne Havard Brekke), num relacionamento marcado por uma atmosfera tranquila, totalmente diferente de sua experiência anterior.

O filme cresce em intensidade dramática num momento em que Camille enfrenta novamente os sentimentos do passado, que entram em choque com seu presente organizado e mais sereno.

Um contraste interessante, que o roteiro poderia ter explorado um pouco melhor, é a intervenção dos pais de Camille (Valérie Bonneton, Serge Renko), que vão viver sua própria separação. A mãe dela, aliás, é um dos poucos alívios realmente cômicos, numa história um pouco autocentrada demais. Falta um toque da leveza de Truffaut.

Na trilha sonora, uma presença sul-americana, com o uso de duas famosas canções da chilena Violeta Parra, "Volver a los 17" e "Gracias a la Vida".

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

TRAILER DE "ADEUS, PRIMEIRO AMOR"