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Em "Simples Mortais", Brasília é cenário para dramas humanos e frustrações

Cena do filme "Simples Mortais", de Mauro Giuntini - Divulgação
Cena do filme "Simples Mortais", de Mauro Giuntini Imagem: Divulgação

15/12/2011 09h11

SÃO PAULO (Reuters) - Em "Simples Mortais", de Mauro Giuntini, o que separa os personagens é o mesmo elemento que os une: a condição humana, evidenciada por suas frustrações e a incapacidade de lidar com elas. Essas pessoas moram em Brasília, e, aqui, a capital do país com sua arquitetura singular é, ao mesmo tempo, opressora e libertária. É o cenário dos opostos e dos paradoxos que rondam a vida dessas figuras. O filme estreia em São Paulo e Rio de Janeiro.

Jonas (Leonardo Medeiros, de "Budapeste") é um professor que usa métodos pouco convencionais para ensinar poesia. Em casa, seu casamento com Katia (Alice Stefânia) não vai muito bem, e ele encontra na pornografia, especialmente na internet, sua válvula de escape. Yara (Tatiana Muniz) é uma das alunas que mais se destacam, não apenas por seu talento para escrever.

Num outro segmento, Diana (Narciza Leão, de "Araguaya - A Conspiração do Silêncio") é uma bem-sucedida apresentadora de telejornal, que fez sua carreira cobrindo política e impondo-se como uma repórter séria. O casamento entra em crise quando ela não consegue engravidar do marido, o ator Gabriel (Sérgio Sartório). Por outro lado, ela também está um tanto desiludida com seu trabalho e as perspectivas para o futuro.

A terceira história de "Simples Mortais" é centrada em Amadeu (Chico Sant'Anna) e seu filho Kdu (Eduardo Moraes). Desde que perdeu a mulher, a vida de Amadeu ficou sem rumo. Funcionário público, ele faz bicos como músico. Seu filho é skatista e também músico e está sempre preocupado com o pai. Às vezes, preocupado até demais, chegando a pagar prostitutas para cuidar dele.

Unindo essas histórias, está o cenário de Brasília - cidade de grandes prédios e ruas longas que transformam o ser humano em um minúsculo detalhe em sua paisagem urbana. O roteiro assinado por Di Moretti ("Nossa Vida Não Cabe num Opala") trata de cada grupo separadamente, traçando suas histórias, seus dramas.

O diretor, Giuntini, nasceu e vive em Brasília e, no longa, mostra conhecimento e apropriação da cidade. O óbvio da capital - o poder, a política - está lá no filme, mas de forma discreta, num subtexto, pois o que importa aqui são os dramas humanos dos personagens engolidos pelo sistema ou, às vezes, pela incapacidade de lidar com os problemas.

(Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb