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George Clooney estrela e dirige drama "Tudo pelo Poder"

Evan Rachel Wood, George Clooney e Ryan Gosling em cena de "Tudo pelo Poder" - Divulgação
Evan Rachel Wood, George Clooney e Ryan Gosling em cena de "Tudo pelo Poder" Imagem: Divulgação

22/12/2011 09h37Atualizada em 22/12/2011 22h01

Em seu quarto filme como diretor, com "Tudo pelo Poder", o ator George Clooney volta à política. Adaptando peça de Beau Willimon, também corroteirista, o filme retrata os bastidores de uma campanha política, no caso, de um governador democrata, Mike Morris (Clooney), tentando conseguir a indicação de seu partido para concorrer à Presidência.

O filme abriu o Festival de Veneza 2011 e competiu pelo Leão de Ouro, em setembro. Também conquistou quatro indicações ao Globo de Ouro - melhor filme/drama, direção, roteiro e ator (para o canadense Ryan Gosling).

Gosling, o verdadeiro protagonista da história, interpreta Stephen Meyers, porta-voz do governador Morris, assistente de seu chefe de campanha, Paul Zara (Philip Seymour Hoffman). Novato e idealista, Meyers veste a camisa do candidato, que vem seduzindo as massas por seu discurso igualitário e liberal.

Do outro lado, comandando a campanha do rival de Morris está Tom Duffy (Paul Giamatti), que se esforça para levar Meyers para o seu lado. Não é o único tipo de pressão que o jovem assessor precisa encarar. Quase diariamente tem que driblar a fome de notícias exclusivas da poderosa Ida Horowicz (Marisa Tomei), repórter política do jornal "The New York Times".

Carneiro entre leões, Meyers resiste bravamente, até porque acredita estar "do lado certo", ou seja, do candidato mais honesto e dotado de qualidades. Nada como um choque de realidade para pôr à prova tudo em que acredita, inclusive sobre si mesmo.

O teste vem sob a forma de seu envolvimento com uma estagiária da campanha de Morris, Molly Stearns (Evan Rachel Wood). Sob sua aparência angelical, Molly é, certamente, a bomba que pode sacudir a campanha e logo Meyers vai dar-se conta disso.

Contando com um elenco extremamente talentoso, que mescla veteranos e jovens promissores de Hollywood, Clooney conduz a narrativa com segurança e clima cético, não deixando de pé muitas ilusões. É um filme denso e realista a que não faltam semelhanças entre ficção e realidade, aproximando-se de algumas situações vividas pelos ex-presidentes John F. Kennedy, Bill Clinton e até o atual, Barack Obama.

Curiosamente, quem está no centro da trama, mais do que os próprios políticos, são os chefes de suas campanhas. Clooney parece querer lembrar que a luta pelo poder não é, de modo algum, um território exclusivo dos políticos profissionais, e sim algo inerente à natureza humana.

Interpretando com segurança um personagem que faz a transição mais dramática de todos, Ryan Gosling confirma o acerto das expectativas a seu respeito, como um dos atores mais requisitados de sua geração. E consegue brilhar, apesar de cercado por veteranos do porte de Philip Seymour Hoffman (Oscar de melhor ator por "Capote") e Paul Giamatti ("A minha versão do amor"). Não será surpresa se algum deles ou mesmo todos forem lembrados no Oscar.

(Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb