Imagem de Margaret Thatcher como "Dama de Ferro" é suavizada em filme
Fazer um filme sobre um político que é um ícone como a britânica Margaret Thatcher é como andar em um campo minado cinematográfico, e optar por uma atriz norte-americana - mesmo uma tão reverenciada quanto Meryl Streep - é procurar problema.
E, ainda assim, os produtores do novo filme "The Iron Lady" (A Dama de Ferro), que estreia nos cinemas norte-americanos na sexta-feira (30), foram um passo além.
Eles optaram por mostrar Thatcher, hoje com 86 anos, como uma mulher solitária e confusa, vivendo de glórias passadas, e ao fazer isso mostraram o mesmo tipo de coragem exibido pela ex-primeira-ministra britânica.
A diretora britânica Phyllida Lloyd e o roteirista Abi Morgan disseram que nunca quiseram fazer uma cinebiografia ou um filme sobre política. Eles quiseram contar a história de uma mulher de origem comum, que ascendeu ao poder apenas para voltar, já idosa, a uma vida normal como a de qualquer outro.
"É uma história shakespeariana sobre o poder e a perda de poder, e o custo de uma vida formidável, e depois deixar tudo isso", disse Lloyd à Reuters.
"The Iron Lady' é o primeiro filme sobre Thatcher, a única mulher premiê britânica, eleita em 1979 e obrigada, em lágrimas, a deixar o poder em 1990 depois de perder o apoio de seu gabinete.
Thatcher, do Partido Conservador, foi reverenciada por sua oposição intransigente à União Soviética e por devolver o "Grande" à Grã-Bretanha. Mas também foi vilificada por sindicatos trabalhistas e responsabilizada pelas profundas divisões na sociedade britânica.
Lloyd disse que houve "surpreendentemente pouca repercussão" na Grã-Bretanha por ele ter escolhido a norte-americana Meryl para interpretar o ícone britânico. O papel exigia alguém que conseguisse retratar uma mulher no auge da vida e em seu declínio, e esse tipo de contraste significava uma atriz habilidosa, que entendesse as nuances de ambos.
"Você precisava de alguém da magnitude de Meryl Streep para assumir o tamanho e a personalidade de Margaret Thatcher. Era preciso uma superstar para interpretar uma superstar", disse Lloyd.
A escolha parece ter funcionado. Streep, mestre da manipulação teatral, recebeu vários prêmios por sua interpretação e é favorita para ganhar sua 17a indicação ao Oscar quando a Academia divulgar a lista de indicados em janeiro.
Mas a atriz e os produtores queriam fazer mais do que uma cinebiografia de Thatcher e de sua agenda política.
"Meryl disse que procurava já há algum tempo um projeto que considerasse o fim das coisas. Ela não enxergava o filme como uma cinebiografia, de jeito nenhum", disse Lloyd.
E colocar todas as decisões em 11 anos de governo, com a ascensão de Thatcher, de filha de um merceeiro para os mais altos escalões do poder em um mundo dominado pelos homens, foi como "apertar uma mulher gorda em um vestido justo demais", disse Morgan.
Então Morgan optou por situar o filme nos dias de hoje, quando Thatcher decidiu abrir mão das roupas do falecido marido, Denis, e é presa de lembranças do passado.
Essa decisão significou introduzir a frágil saúde mental de Thatcher, que sofreu vários pequenos derrames depois de deixar o poder. Em 2008, sua filha Carol revelou que a ex-titã da política britânica sofria de demência. A própria Thatcher está longe da vista pública há dez anos.
Os cineastas não buscaram a cooperação da família de Thatcher, mas basearam o filme em suas memórias já publicadas, em declarações de políticos dos anos 1980 e em horas de imagens de televisão e discursos.
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