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Com novo Super-Homem como protagonista, "Imortais" carnavaliza a mitologia grega

Henry Cavill em cena do filme "Imortais", de Tarsem Singh - Divulgação
Henry Cavill em cena do filme "Imortais", de Tarsem Singh Imagem: Divulgação

29/12/2011 08h18

SÃO PAULO (Reuters) - "Imortais", que estreia no país em cópias 2D e 3D, parece mais um desfile de escola de samba com o tema da mitologia grega do que propriamente um filme. Estão lá praticamente todos os elementos que fizeram de "300" (2007) um Carnaval em Esparta: fantasias espalhafatosas, centenas de figurantes em cenas de batalhas e um samba do grego doido como enredo - agora localizado em outra região da Grécia.

Com direção do indiano Tarsem Singh ("A Cela"), todo o empenho de "Imortais" está no visual. Figurinos que não fariam feio na Sapucaí, corpos esculturais e filosofadas - muita filosofada em cima da mitologia grega - dão a medida do filme.

Não é preciso lembrar-se das aulas de história antiga para perceber que a trama é mais sem pé nem cabeça do que algumas estátuas gregas . Há um herói, Teseu (Henry Cavill, que no próximo ano será visto como o novo Super-Homem), uma sacerdotisa (Frieda Pinto, de "Você Vai Conhecer o Homem dos seus Sonhos"), um rei maligno (Mickey Rourke, de "Os Mercenários") e deuses irados (John Hurt e Luke Evans são duas versões do mesmo Zeus). Todos brigam - mas não pergunte a razão.

Eles se encontram em alguma ilha da Grécia antiga em algum período a.C. - quando era possível cultuar os mais diversos deuses, conforme a necessidade do momento. Fora isso, não há muito que faça sentido, ou que valha o esforço de concentração para entender "Imortais". O protagonista nutre uma afeição pela mãe que está mais para Édipo do que para Teseu - mas tudo bem, afinal, Atena também troca olhares lânguidos com o pai, Zeus, e não é nenhuma Electra.

Há também prisioneiros escravizados - o que inclui Stephen Dorff, que parecia ter se reencontrado em "Um Lugar Qualquer", mas derrapa novamente aqui - e uma série de atitudes misóginas, especialmente vindas do rei Hipérion, que quer-porque-quer conquistar o mundo (entenda-se apenas a Grécia e seus arredores). Para isso, liberará os Titãs, seres aprisionados e nervosinhos que lutam feito ninjas e foram treinados sabe-se lá por quem. Já o Minotauro parece qualquer coisa menos o ser mitológico que todos conhecemos. No fundo, a única coisa que "Imortais" pega da mitologia grega são os nomes dos personagens.

"Imortais" situa-se em algum lugar entre o remake de "Fúria de Titãs" e "Conan, o Bárbaro". É difícil dizer, no entanto, exatamente onde o filme se coloca, porque a distância que separa aquelas duas produções é muito pequena. Não espere cabeças gigantescas de estátuas falantes - não seria uma má ideia - nem um herói carismático. Teseu é chato e Hipérion é misógino ("A semente de um homem pode ser sua arma mais mortal", diz ele).

Contente-se em ver as sacerdotisas como mero objeto de desejo, fazendo caras e bocas ou banhadas em sangue - e isso não é bem um fetiche.

(Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

TRAILER DO FILME "IMORTAIS"