George Clooney vive homem fragilizado no drama indicado ao Oscar "Os Descendentes"
O ator George Clooney deixa de lado o charme de Danny Ocean, de "Onze Homens e um Segredo" e a dubiedade de Bob Barnes - que lhe deu o Oscar de coadjuvante em 2006, em "Syriana, a Indústria do Petróleo" - para ir a lugares emocionais onde nunca foi no drama familiar "Os Descendentes". Guiado pela mão sensível do diretor e roteirista Alexander Payne, Clooney assume o papel de Matt King, um marido e pai fragilizado, que lhe valeu nova indicação ao Oscar, uma das cinco a que o filme concorre (além de melhor filme, direção, montagem e roteiro adaptado).
O cenário no Havaí é apenas um indício enganador de que Clooney, mais uma vez, não teria muito mais a fazer aqui do que exibir os seus invejáveis físico e bronzeado dentro de um figurino praiano, com bermudas e camisas floridas. Ele até enverga estas peças e circula pelo litoral paradisíaco, mas ambos formam, na verdade, um contraste vital para os dramas que se abatem sobre a vida de Matt King.
Rico por herança e pelo trabalho de advocacia, Matt notabilizou-se por uma vida econômica nos gastos e afetos - aspectos de que se ressentem sua mulher, Elizabeth (Patricia Hastie), e as duas filhas, Alexandra (Shailene Woodley) e Scottie (Amara Miller). Toda a ilusão de controle, porém, cede instantaneamente no momento em que Elizabeth entra em coma depois de um acidente de barco e Matt tem de começar a construir um relacionamento com as filhas.
Com o mesmo toque sutil com que construiu filmes anteriores, como "Ruth em Questão" (1996) e "Sideways - Entre Umas e Outras" (2002), o diretor Payne conduz seu protagonista num labirinto emocional em que se vê desafiado a crescer. O primeiro grande obstáculo é a filha mais velha, Alexandra, um fio desencapado a ponto de se incendiar.
É numa de suas discussões com a filha que Matt descobre um segredo bem inesperado e desagradável - Alexandra garante que Elizabeth o traía. Para alguém já confrontado com a possível morte da mulher e pressões de família para vender um grande patrimônio muito valioso, a revelação do adultério é o que faltava para toda a armadura que ainda restava a Matt rachar de vez.
Sem nunca perder o tom contido, o filme discute a fragilidade humana, especialmente a masculina, porque seu protagonista fica mais em evidência. Com os segredos e verdades desta família sendo enfrentados paulatinamente, comprova-se também a possibilidade de elaborar melodramas sem histeria, com mais verdade.
Com muita justiça, o elenco do filme foi indicado coletivamente aos prêmios do Sindicato dos Atores da América, bem como Clooney, já vencedor de um Globo de Ouro e indicado ao Bafta britânico. A jovem Shailene Woodley sustenta muito bem o duelo com Clooney, fazendo esquecer sua juventude (ela tem apenas 20 anos e este é seu primeiro grande papel). A pequena Amara Miller, como a caçula Scottie, marca sua presença encarnando uma criança perfeitamente comum, sem os costumeiros excessos. O veterano Robert Forster, como o rigoroso pai de Elizabeth, e Beau Bridges, como o primo ávido para vender o patrimônio dos King, igualmente fazem valer a indicação coletiva.
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