Com The Rock, "Viagem 2: Ilha Misteriosa" mistura histórias de Júlio Verne
O nome do escritor francês Júlio Verne, um dos mais famosos autores da literatura fantástica, aparece de vez em quando em "A Viagem 2: A Ilha Misteriosa", mas, embora o filme pegue emprestado alguns elementos do livro homônimo, não há muito de Verne nessa aventura.
O filme é como uma "continuação" de "Viagem ao Centro da Terra", de 2008. Traz o mesmo protagonista, Sean (Josh Hutcherson, de "Minhas Mães e Meu Pai"), mas o pai do personagem (vivido por Brendan Fraser) não dá as caras, e se comenta, meio de passagem, que ele morreu. Sabe-se lá como. Talvez de vergonha ao ler o roteiro deste filme.
Além da própria "Ilha Misteriosa" e de "Vinte Mil Léguas Submarinas", de Verne, também "As Viagens de Gulliver", de Jonathan Swift, e "A Ilha do Tesouro", de Robert Louis Stevenson, dão as caras no roteiro confuso de Brian e Mark Gunn. A ideia do filme é explorar uma possível conexão entre as quatro histórias tendo como elo uma ilha perdida no meio do Pacífico.
Não deixa de ser curioso ver o fortão Dwayne "The Rock" Jonhnson decifrar códigos e mistérios mais rápido do que quando derrubava um adversário em seus tempos de lutador. Mas esse é o menor dos problemas. Num filme em que elefantes praticamente cabem no bolso, Michael Caine voa em abelhas gigantes e montanhas são feitas de ouro, pedir sentido é um exagero.
No fundo da história estão temas queridos do estúdio Disney - embora esta não seja uma produção deles, bem poderia ser - como família, modelos masculinos para garotos órfãos e latinos falando inglês truncado num país pobre, que recebem a caridade dos americanos gentis e de bom coração.
Desde quando perdeu o pai, Sean vive mergulhado no universo da literatura fantástica e tenta um contato com o avô, desaparecido há dois anos. A mãe (Kristin Davis, de "Sex and the City") está preocupada, por isso o incentiva a ficar amigo de seu namorado, Hank (Dwayne). Como o menino precisa de um modelo masculino em quem se espelhar, os dois embarcam numa jornada rumo à ilha misteriosa, onde o avô pode estar. Se é que tal lugar existe.
A ilha ficaria no meio do Oceano Pacífico, perto de um país latino e pobre, onde pessoas andam com lagartos nas costas. O único disposto a levar a dupla é Gabato (Luis Guzmán, de "Sim, Senhor"), dono de um helicóptero e pai de uma filha bonitona, Kailani (Vanessa Hudgens, de "High School Musical"), por quem Sean se apaixona.
A história segue os rumos previsíveis. Eles encontram a ilha, o helicóptero quebra e precisam descobrir uma forma de escapar de lá, com ajuda do avô (Michael Caine), que fez do local a sua casa. Ah, a ilha também é Atlantis e em algumas horas irá afundar - e isso é descoberto por Hank só de provar a água local.
Seria perdoável nada fazer sentido se o filme fosse ao menos minimamente divertido, o que não é. De tudo que há de ruim no longa, porém, nada supera o momento em que Dwayne Jonhnson canta "What a Wonderful World". É sério: Júlio Verne e Louis Armstrong poderiam muito bem passar sem essas homenagens.
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