Com Claudia Ohana e Vanessa Giácomo, "A Novela das 8" homenageia "Dancin' Days"
Num tempo remoto, quando a novela do horário nobre era conhecida como novela das oito e começava mesmo às 20h30, "Dancin' Days" fez história entre 1978 e 1979, ditando moda em figurino, trilha sonora, danças e gírias. O folhetim, lançado em DVD no final do ano passado, fazia um retrato da classe média carioca da época.
No filme "A Novela das 8", que estreia em São Paulo e no Rio, uma das maiores fãs do programa é Amanda (Vanessa Giácomo, de "Jean Charles"), prostituta que tenta marcar o horário de seus clientes de maneira a não perder o capítulo do dia.
Há dois polos no filme. De um lado está Amanda, que, para usar um termo bem comum na época, era a alienada. E de outro, está Dora (Claudia Ohana, de "Desenrola"), sua empregada, com um passado que a patroa desconhece.
Ela foi guerrilheira, presa e torturada, teve de se mudar para São Paulo, usando uma identidade falsa, deixando para trás um filho, Caio (Paulo Lontra), criado pelos avós.
O roteiro, assinado pelo diretor Odilon Rocha, tem "Dancin' Days" não apenas como um motivo de fundo, mas também como inspiração para tramas e o visual do filme e de personagens.
Amanda e Dora são obrigadas a fugir para o Rio de Janeiro, onde a garota de programa sonha em badalar e conhecer a verdadeira boate "Frenetic Dancin' Days". Já a guerrilheira, tal qual a personagem de Sonia Braga na novela, se aproxima do filho, que não a conhece, fingindo ser outra pessoa. Nos figurinos também há homenagem. Em uma cena, por exemplo, Amanda usa o mesmo visual de espanhola da personagem de Sonia.
Mas as boas ideias de "A Novela das 8" estão dispersadas ao longo do filme, ao qual falta força e unidade, apesar de ter duas excelentes atrizes como protagonistas.
As tramas, especialmente aquela em que Caio quer assumir sua homossexualidade e se envolve com um diplomata em crise (Mateus Solano), muitas vezes parecem precisar de mais tempo para amadurecer. Em outras palavras, as deficiências do filme partem do seu alicerce: o roteiro.
Sobram homenagens. O personagem de Antonio Fagundes em "Dancin' Days" também era um diplomata em crise, mas não era homossexual, porém falta aprofundar os personagens para que ganhem vida própria e deixem de ser a sobra daqueles da novela.
O filme é um melodrama que poderia facilmente ganhar contornos almodovarianos com suas personagens femininas, mas falta exatamente aquela pulsação de vida dos filmes do espanhol, que lhe daria força e personalidade.
A novela das oito propriamente dita, "Dancin' Days", mal aparece no filme. Quando muito, se ouve a música de abertura. Faz falta, para aqueles que não conhecem o folhetim, assisti-lo um pouco mais para dimensionar a influência da novela. O filme tenta, até certo ponto, explorar o diálogo entre a realidade e a ficção. Mas do meio para o final sucumbe completamente à fantasia.
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