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Antonio Banderas está em aventura épica "O Príncipe do Deserto"

Antonio Banderas em cena de "O Príncipe do Deserto" - Divulgação
Antonio Banderas em cena de "O Príncipe do Deserto" Imagem: Divulgação

Em São Paulo*

12/04/2012 11h07Atualizada em 12/04/2012 14h11

"O Príncipe do Deserto" parece ter sido feito especialmente para aquele público que sentia falta daquilo que outrora se chamava de "filmão". Seguindo nas claras pegadas de "Lawrence da Arábia" (1962), espalhando grãos de areia por toda a trama, o longa do francês Jean-Jacques Annaud ("O Nome da Rosa"), no entanto, não se aventura na questão do choque de culturas e interesses entre os ocidentais e os árabes.

Toca de leve na questão - especialmente quando o assunto é petróleo -, mas não se aprofunda e nem dialoga com o presente (a ação se passa no começo do século passado).

Em sua obra, Annaud busca a relação entre o tempo e o espaço. Assim, já visitou a pré-história ("A Guerra do Fogo"), a Idade Média ("O Nome da Rosa"), a Segunda Guerra Mundial ("Círculo do Fogo").

Neste novo filme, uma coprodução entre a França e o Catar, filmada nesse país e na Tunísia, o deserto do título ganha quase a força de um personagem na história do príncipe Auda (Tahar Rahim, de "O Profeta"). O ambiente pode ser aliado ou o maior inimigo na história do rapaz, dividido entre dois mundos.

Quando pequeno, ele e seu irmão foram entregues ao Emir Nassib (Antonio Banderas), como garantia de um acordo de paz numa guerra perdida por seu pai, o Sultão Amar (Mark Strong). Anos mais tarde, quando um grupo de texanos chega para explorar o petróleo nas terras de Nassib, surge uma disputa entre os dois 'pais' de Auda. Para tentar amenizar a rixa, ele se casa com a filha de Nassib, Leyla (Freida Pinto), por quem já era apaixonado.

Mas Amar quer vingar a morte de seu filho preferido, irmão de Auda, pelas ordens de Nassib. Então, o jovem príncipe é enviado ao seu pai verdadeiro como mensageiro da paz. Mas o plano não funciona. Desse ponto em diante, a trama, assinada por três roteiristas - inclusive o diretor - e baseada num romance de Hans Ruesch, concentra-se em batalhas que acontecem durante a travessia de Auda e seu grupo pelo deserto.

O motivo para tal travessia vai se diluindo ao longo do caminho, enfatizando-se o lado romântico de "O Príncipe do Deserto". Ou seja, trata-se apenas de Auda tentando retornar para sua Leyla.

Revelado em "O Profeta", Tahar Rahim vive um tipo bem diferente daquele gângster que interpretou no filme francês. Seu personagem começa com a cara enfiada em livros, um romântico apaixonado, e o filme acompanha seu amadurecimento como líder político.

A presença do ator justifica o filme. Ao seu lado, o alívio cômico fica por conta de Ali (Riz Ahmed) meio-irmão de Auda, renegado pelo pai, que exerce a medicina e sai pelo deserto com o irmão e seu exército.

Os texanos exploradores de petróleo são vistos, durante boa parte do filme, como mocinhos. Quando a presença deles muda de figura, eles não são demonizados. O filme não quer se arriscar muito sobre essa e outras questões polêmicas. Até porque Annaud não se dá ao trabalho de projetar qualquer eco que o passado possa ter no presente.

(Texto de Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb