Topo

Heitor Dhalia estreia no circuito internacional com "12 Horas"

Amanda Seyfried em cena do filme "12 Horas", de Heitor Dhalia - Divulgação
Amanda Seyfried em cena do filme "12 Horas", de Heitor Dhalia Imagem: Divulgação

Em São Paulo*

12/04/2012 11h58Atualizada em 12/04/2012 19h19

Depois de escalar o ator francês Vincent Cassel em seu último filme, "À Deriva" (2009), o diretor brasileiro Heitor Dhalia estreou no circuito internacional com o suspense "12 Horas" - seu primeiro filme produzido nos EUA e estrelado por Amanda Seyfried ("A Garota da Capa Vermelha").

LEIA MAIS

  • Reprodução

    Amanda Seyfried fala sobre filme em entrevista ao UOL (veja link abaixo)

Filmando um roteiro de Allison Burnett ("Anjos da Noite: Despertar") e, segundo tem dito à imprensa, prejudicado por uma reduzida margem de controle no set e pouco acesso à protagonista, Dhalia ficou bem longe de seus melhores trabalhos - caso dos premiados "Nina" (2004) e "O Cheiro do Ralo" (2006).

A sucessão de absurdos começa na primeira sequência. Vê-se uma jovem sozinha, Jill Parish (Amanda Seyfried), num grande parque florestal. Ela anda, corre, demonstra tensão e parece estar à procura de alguma coisa. Mas nada encontra.

De volta a casa, é questionada pela irmã, Molly (Emily Wickersham), que insiste para que admita que andou vagando de novo pelo bosque. Logo mais se descobre a razão: há pouco mais de um ano, Jill escapou da morte naquele lugar, depois de sequestrada por um maníaco, que permanece à solta sem ter sua identidade revelada.

Parece pouco provável que uma sobrevivente de uma situação assim extrema fosse expor-se solitária no mesmo local em que foi raptada e jogada num buraco - de onde escapou por uma mistura de sorte e milagre.

Aparentemente, o foco do roteiro era criar alguma ambivalência sobre a própria Jill e seu sequestro. A polícia, que não encontrou seu cativeiro, suspeita de que ela possa ter inventado tudo e não passe de uma desajustada. A moça até esteve internada pouco depois do episódio. E hoje, por conta do próprio medo e da descrença policial, não se separa de um potente revólver, escondido na bolsa, disposta a fazer justiça com as próprias mãos.

Quando a irmã de Jill desaparece, ela novamente procura a polícia, acreditando que o mesmo maluco voltou a agir. Na região em que elas vivem, nos arredores de Portland, aliás, várias garotas desapareceram nos últimos anos. Não dá para entender porque os policiais são tão incrédulos e incompetentes.

Outra tentativa falha de criar alguma tensão é quando se procura levantar suspeitas quanto ao comportamento de um dos policiais (Wes Bentley). Mas ele não é o único mal-encarado por aqui. Chovem clichês nas figuras de um chaveiro sinistro e seu filho; um vizinho esquisitão; e o gerente de um hotel decadente.

Desgraçadamente, essas e outras tentativas de engrenar a história falham. "12 Horas" revela-se um amontoado de equívocos que em nenhum momento consegue realmente mexer com os nervos do público - exceto no mau sentido. Muito antes da absurda sequência final, a paciência de qualquer espectador de boa vontade já deve ter se esgotado.

A pouca expressividade da protagonista também não ajuda. Apesar de, com apenas 26 anos, já ter mais de 30 filmes no currículo entre TV e cinema, Amanda Seyfried ainda não convenceu sobre seus atributos dramáticos. Aqui, mais uma vez, tudo o que faz é arregalar seus belos e grandes olhos verdes. E só.

(Texto de Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb