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Em "Um Homem de Sorte", Zac Efron vive personagem de romance de Nicholas Sparks

Taylor Schilling e Zac Efron em cena de "Um Homem de Sorte" - Divulgação
Taylor Schilling e Zac Efron em cena de "Um Homem de Sorte" Imagem: Divulgação

Alysson Oliveira

Do Cineweb, em São Paulo*

03/05/2012 12h49

O homem de sorte do título do filme não está presente na frente das câmeras - nem atrás. Na verdade, enquanto o filme era rodado, ele estava sentado no conforto do seu lar, escrevendo a mesma história pela milésima vez. Atende pelo nome de Nicholas Sparks - escritor norte-americano de romances carregados na sacarina e com baixa qualidade literária, que vende milhões em todo o mundo. Sete de seus livros já foram adaptados para o cinema - entre eles "Diário de uma Paixão" e "Querido John".

Atualmente, poucos escritores se tornaram uma grife como ele - J. K. Rowling e Stephenie Meyer são mais lembradas pelos seus personagens, não por sua obra, por assim dizer, como é o caso de Sparks - tanto que já se assume - um filme de Nicholas Sparks, como se ele fosse o diretor - que, nesse caso, sempre é mera figura decorativa. Todos sabem o que vai acontecer numa história de amor sparksiana: alguém morre no final. E não é ser estraga prazeres contar isso, porque deve ser uma cláusula contratual de seus romances: é preciso haver uma morte doce e romântica (se é que isso existe).

A graça, então - para aqueles que já desistiram de esperar pelo amor romântico em tardes cor-de-rosa com nuvens de algodão-doce - reside em descobrir quem será a vítima. No caso de "Um Homem de Sorte" a lista começa com o casal central, é claro: pode ser o traumatizado Logan (Zac Efron), que, apesar do olhar vago de zumbi, é doce, ou a meiga e sofredora Beth (Taylor Schilling). Vejamos as chances: Logan esteve na guerra no Iraque de onde saiu fisicamente ileso, mas mentalmente traumatizado. Beth mora com sua avó (Blythe Danner) e um garotinho (Riley Thomas Stewart), que, num primeiro momento, não sabemos se é seu irmão, filho ou uma criança que aparece por ali.

Nesse ponto, a lista já aumentou para quatro. Além do casal, há a avó que menciona, en passant, que teve um derrame, mas sem sequelas, e o garotinho - todos sabemos que a morte de um inocente poderá arrancar mais lágrimas. Beth e a avó têm um canil, mas, sinceramente, matar cães está fora da alçada de Sparks. Concentrando nos humanos, surge Keith (Jay R. Ferguson), que sente ciúme doentio de Beth. Quem é ele e o porquê é algo que o filme mantém como um mistério por uns cinco minutos.

Sabemos que houve uma morte logo no começo, mas essa não conta, porque ainda não havíamos tido tempo de nos afeiçoar por qualquer personagem. São soldados no Iraque - uns conhecidos, e outros não, de Logan. Mas o herói apaixonado é salvo por uma foto de Beth.

Com o coração gentil e apaixonado, Logan, que nem ao menos sabe o nome da moça, descobre onde ela mora e vai a pé de sua cidade até a dela. Quando chega ao seu canil, antes mesmo que possa dizer "calma, Beth, calma", ela já o toma por outra pessoa e pensa que ele a procura por uma vaga para trabalhar no local.

O fato de ele nunca contar a verdade para a mocinha do filme - a tal história da foto milagreira - é um ponto a se considerar: uma revelação num leito de morte pode arrancar rios de lágrimas. Mas qual dos dois pode sobreviver à perda do grande amor de sua vida? Vale lembrar que uma morte sparksiana está relacionada com martírios e resignações.

Façam suas apostas. Quem morrerá em "Um Homem de Sorte": o mocinho romântico, a moçoila apaixonada, a avó bondosa, o garoto prodigiosamente doce ou o vilão ciumento? Quem vai morrer no clímax? Estamos falando do personagem, porque a figura do diretor (Scott Hicks), num filme sparksiano, morre no momento em que assina o contrato.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

TRAILER DE "UM HOMEM DE SORTE"