Topo

Caio Blat estrela misto de documentário e encenação em "Uma Longa Viagem"

Caio Blat em cena do documentário "Uma Longa Viagem", de Lucia Murat" - Divulgação
Caio Blat em cena do documentário "Uma Longa Viagem", de Lucia Murat" Imagem: Divulgação

Alysson Oliveira

Do Cineweb, em São Paulo*

10/05/2012 11h53Atualizada em 10/05/2012 18h21

Uma combinação entre retrato de uma época, nostalgia e investigação familiar, o premiado "Uma Longa Viagem", de Lúcia Murat, é um filme altamente pessoal da diretora. Mas, ao mesmo tempo, tem capacidade de dialogar com diversos públicos, especialmente por seu conteúdo emocional. O filme estreia em São Paulo e no Rio de Janeiro nesta sexta (11).

ATOR PRODUTIVO

  • Divulgação

    Nos cinemas com "Xingu" e agora também com "Uma Longa Viagem", Caio Blat não para e diz que quer fazer uma comédia de apelo popular.

Em "Que Bom Te Ver Viva" (1989), Lúcia colocava como protagonista uma ex-presa política, vivida por Irene Ravache, cujas experiências baseavam-se nas da própria diretora e de outras pessoas que ela conheceu, combinando o documental e a ficção.

Em "Uma Longa Viagem", Lúcia radicaliza essa experiência, intercalando o documental e a representação. Não se trata de ficção, mas sim de uma recriação parcial do passado, dialogando com o personagem real, o irmão caçula da diretora, Heitor.

Na década de 1970, o jovem Heitor caiu no mundo, viajando pela Inglaterra, Estados Unidos, Índia, Austrália, entre outros lugares. Nessa mesma época, Lúcia foi presa e torturada.

O caçula escrevia cartas e cartas para a mãe e o irmão mais velho, o médico Miguel, contando suas experiências e mandando presentes. Essa correspondência serve como base para o longa que, aos poucos, constrói o retrato daqueles três irmãos e do período conturbado que viveram.

Era também uma época de grandes transformações, especialmente na Europa, onde o rapaz estava. Caio Blat vive o Heitor jovem, enquanto redige suas cartas. Lúcia encontra uma saída bastante cinematográfica para criar essas reconstituições - usando projeções sobre uma tela como fundo para as cenas do ator.

O efeito é bonito e, ao mesmo tempo, quase alucinógeno, o que vem bem ao encontro de muitas das experiências de Heitor com drogas.

O verdadeiro Heitor, por sua vez, aparece em depoimentos gravados especialmente para o filme, nos quais relembra suas experiências e as analisa sobre um novo foco, mais de três décadas depois.

Ele é uma figura carismática, engraçada e com muitas histórias para contar. A trilha sonora que recupera músicas do passado (Janis Joplin, Jefferson Airplane, Caetano Veloso) contribui na criação do clima que transita entre a nostalgia e um olhar curioso do presente que indaga o passado.

Premiado em Paulínia, Gramado e na Espanha, "Uma Longa Viagem" estreia num momento bastante oportuno, para contribuir com a discussão da abertura de arquivos da ditadura. Ao lado de "Diário de Uma Busca", de Flávia Castro, lançado em 2011, o longa de Lúcia tem muito a dizer sobre uma época e personagens que a história oficial, muitas vezes, tentou varrer para debaixo do tapete.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

TRAILER DE "UMA LONGA VIAGEM"