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Em tempos difíceis, leilão de gala em Cannes sofre as consequências

O estilista Karl Lagerfeld e a atriz e membro do júri Diane Kruger apresentam o leilão em benefício de entidade que combate a Aids durante o Festival de Cannes 2012 (24/5/12) - Joel Ryan/AP Photo
O estilista Karl Lagerfeld e a atriz e membro do júri Diane Kruger apresentam o leilão em benefício de entidade que combate a Aids durante o Festival de Cannes 2012 (24/5/12) Imagem: Joel Ryan/AP Photo

Mike Collett-White

Da Reuters, em Antibes (França)

25/05/2012 13h17Atualizada em 25/05/2012 21h10

Em um momento de incertezas econômicas espalhadas pela Europa, a noite de gala beneficente do Festival de Cannes foi marcada pela austeridade.

Todos os anos, no luxuoso Hotel Du Cap-Eden-Roc, em Antibes, ao longo da costa de Cannes, a amfAR, Fundação Americana para a Pesquisa da Aids, convida os famosos e os fabulosamente ricos para uma noite beneficente de boa comida, bom vinho, dança e doações.

Este ano, Kylie Minogue, Janet Jackson, Kirsten Dunst e Adrien Brody estiveram entre as estrelas do evento black-tie que foi realizado da noite de quinta-feira (24) até as primeiras horas de sexta (24).

O leilão realizado durante o jantar teve um início lento, o que levou quem tinha o microfone nas mãos a bajular, exagerar, chamar pelo nome e até causar constrangimento para elevar os preços.

"Estamos falando de preços de austeridade, e eu estou desapontado para ser franco", disse o leiloeiro quando os lances para um relógio Cartier não estavam aparecendo.

A coapresentadora e modelo Heidi Klum acabou incluindo uma massagem gratuita para o lance vencedor e o acréscimo funcionou, já que a peça foi arrematada por 65 mil euros (82 mil dólares).

"Vamos lá, seus sacanas mão fechada!", gritou o comediante norte-americano Chris Tucker, que estava no palco para vender uma coleção de 1911 do champanhe Moet & Chandon. O preço final foi de 150 mil euros.

O diretor norte-americano Brett Ratner recorreu à brincadeira de citar nomes e envergonhar quando leiloou uma fotografia tirada por Jean Pigozzi de Annie Leibovitz e do guitarrista dos Rolling Stones Keith Richards, de 1979.

Ele disse que a villa de Pigozzi era "melhor do que o Hotel-Du-Crap", e citou vários nomes de destaque na plateia de mais de 800 convidados que apreciavam um jantar sentado numa tenda gigante.

"Você me tornou rico, então eu sei que você é realmente rico", disse ele a Tucker, que estrelou na sua bem-sucedida franquia de ação "A Hora do Rush". O financista Nathaniel Rothschild também foi convocado a participar.

"Eu sei que a economia europeia está em má forma este ano, eu entendo", disse Ratner. "Mas isso é por uma boa causa."

O produtor de cinema Harvey Weinstein, o principal anfitrião da noite, depois virou o jogo em direção ao cineasta. "Brett Ratner ganha 7 milhões de dólares por filme", disse ele, tomando o palco. "Vendido para Brett Ratner!", acrescentou ele, levantando a mão do diretor. A fotografia foi vendida por 160 mil euros.

A partir daí os preços subiram.

Uma peça original de Damien Hirst intitulada "Beautiful Nectar Painting", de 2007, arrecadou 700 mil euros, e uma imagem de Andy Warhol de Marilyn Monroe foi vendida por 600 mil euros.

O estilista Karl Lagerfeld se comprometeu a fazer dois curtas-metragens estrelados pelos compradores de um lance, levantando um total de 850.000 euros, e uma coleção de mais de 20 vestidos pretos, desfilados durante a noite, arrecadaram 300 mil euros.

No final, conforme os convidados saíam da tenda para dançar a noite toda na piscina à beira-mar, os problemas financeiros do mundo pareciam ter sido esquecidos.

O evento de gala levantou quase 11 milhões de dólares para a entidade, o maior total já registrado.