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Woody Allen volta a atuar em "Para Roma, com Amor", longa que revive comédias italianas

Alec Baldwin e Jesse Eisenberg em cena de "Para Roma, com Amor", de Woody Allen - Divulgação
Alec Baldwin e Jesse Eisenberg em cena de "Para Roma, com Amor", de Woody Allen Imagem: Divulgação

Neusa Barbosa*

Do Cineweb

28/06/2012 10h42Atualizada em 28/06/2012 19h02

Nesta fase globetrotter de sua maturidade, Woody Allen chega à Itália de seus sonhos e influências em "Para Roma, com Amor".

LIBERDADE CRIATIVA

  • AFP

    Em entrevista ao UOL, o cineasta Woody Allen diz que filma na Europa porque lá tem liberdade criativa e conta que Brasil é uma possibilidade.

Nada existe a reclamar da beleza com que é fotografada a "cidade eterna" pelo iraniano Darius Khondji, que lembra o capricho dedicado a Barcelona pelo espanhol Javier Aguirresarobe em "Vicky Cristina Barcelona".

E, se é verdade que a comédia, fragmentada em diversas histórias paralelas, não tem a mesma unidade do encantador "Meia-Noite em Paris", nem por isso deixa de preparar saborosos bocados, nem de mostrar que Allen continua a ter boas ideias e reflexões.

A melhor história inclui o próprio diretor atuando como Jerry, um produtor aposentado que vai a Roma com a mulher (Judy Davis) para conhecer Michelangelo (Flavio Parenti), o noivo italiano de sua filha Hayley (Alison Pill).

Visitando a casa dos futuros sogros da filha, Jerry ouve Giancarlo (Fabio Armiliato), o pai de Michelangelo, cantando no chuveiro. Ele tem uma extraordinária voz de tenor e, a partir daí, a obsessão de Jerry é fazer com que o homem, que é agente funerário, se torne cantor. O problema: Giancarlo só canta bem sob o chuveiro, o que leva a um arranjo bem original na realização de suas apresentações.

Um comentário ferino sobre a modernidade está contido na história de Leopoldo (Roberto Benigni), um modesto executivo que do dia para a noite, sem qualquer razão, é transformado em celebridade. Ele não pode sair de casa sem ser cercado por repórteres que querem saber todas as trivialidades de seu dia a dia, desde o que comeu no café da manhã a que tipo de cueca prefere.

O melhor nesta parte é o quanto Benigni usa o seu conhecido histrionismo a serviço deste personagem, que vai da perplexidade à decepção com a fama momentânea.

Estrela absoluta em "Vicky Cristina Barcelona", que lhe deu o Oscar de coadjuvante há quatro anos, a espanhola Penélope Cruz tem uma participação deliciosa como Anna, uma sensual prostituta que entra por engano no quarto de um recém-casado interiorano, Antonio (Alessandro Tiberi), cuja mulher, Milly (Alessandra Mastronardi) saiu e se perdeu nas ruas de Roma. A história deste casal e da noiva perdida, aliás, homenageia o enredo do filme "Abismo de um Sonho" (1952), de Federico Fellini, um dos cineastas de devoção de Allen.

Jesse Eisenberg ("A Rede Social") encarna Jack, um jovem norte-americano em Roma que se vê envolvido num imbróglio romântico. Ele mora com Sally (Greta Gerwig) e se apaixona por Monica (Ellen Page), amiga da namorada que vem passar uns dias na casa deles.

Alec Baldwin interpreta o personagem mais misterioso, o arquiteto John. Em muitos momentos, ele vai atuar mais como anjo da guarda de Jack do que como pessoa real. É a fantasia à moda Woody Allen.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

TRAILER DO FILME "PARA ROMA, COM AMOR"