"Vou Rifar Meu Coração" aborda universo da música brega e da traição de forma superficial
"Vou Rifar Meu Coração", documentário dirigido por Ana Rieper, tem como tema algo chamado de "música brega". Pode até parecer, mas não é uma denominação pejorativa, até porque seus intérpretes aceitam o rótulo com orgulho.
ROMANTISMO E "DOR DE CHIFRE"
O ícone brega Amado Batista dá o seu depoimento sobre traição e amor no documentário
Vários cantores famosos são personagens do longa, como Wando (morto em fevereiro passado), Agnaldo Timóteo, Nelson Ned, Amado Batista, Odair José, entre outros, e seus fãs anônimos, cujas histórias de vida e amores frequentemente se relacionam com as letras dos sucessos de seus ídolos.
Apesar do universo rico e que desperta curiosidade, a diretora perde o foco ao longo do filme. O resultado final é uma sequência de depoimentos que raramente dialogam.
Não é preciso fazer um tratado antropológico ou sociológico sobre o assunto, mas se trata de um tema que se presta a uma abordagem por diversos ângulos, o que traria mais profundidade ao filme, que se limita a mostrar as músicas e escolher depoimentos nem sempre elucidativos.
Em alguns casos, as entrevistas parecem particularmente pouco esclarecedoras, como é o caso de Lindomar Castilho, que cumpriu pena por assassinato de sua ex-esposa, Eliane de Grammont, em 1981.
No debate no Festival de Brasília, em setembro do ano passado, a produtora do filme, Suzana Amado, esclareceu que, para dar esta entrevista, o cantor impôs a condição de não se tocar no assunto.
Ana acatou o pedido, não apenas quando conversou com ele, mas também ao longo de todo o filme, deixando de fazer qualquer menção ao crime, perdendo uma ótima oportunidade de comentar a história do cantor que, percebe-se, levou ao extremo a letra de várias canções bregas que falam de matar por amor. O título do filme foi colhido de uma música de Lindomar.
Já Agnaldo Timóteo confessa que em todas as suas músicas há muito de suas experiências. E cita como exemplo "Aventureiros", que diz ser sobre milhões de pessoas que perambulam por saunas e ruas em busca de amor.
É, aliás, o cantor quem dá uma deixa interessante que a diretora não aproveita. Agnaldo alega que existe muito preconceito contra os cantores bregas "porque são pobres, não têm um sobrenome ou não são da elite".
Não deixa de ser curioso também que uma diretora de cinema adentre um universo tão machista como o desse tipo de música e não comente este aspecto de algum modo no filme.
Não há depoimento ou menção de cantoras do gênero, e há muitas, ou mesmo uma pergunta sobre isso aos entrevistados. No fundo, falta mesmo a "Vou Rifar Meu Coração" qualquer espécie de leitura um pouco mais crítica sobre esse universo. Assim, o filme não traz nada que não soubéssemos ou pudéssemos achar por conta própria na Internet.
*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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