Filme egípcio feito na Praça Tahrir durante "Primavera Árabe" será exibido em Veneza
Quando o cineasta egípcio Ibrahim el-Batout estava no meio da multidão da Praça Tahrir, no Cairo, na véspera da queda de Hosni Mubarak no ano passado, seu primeiro instinto foi começar a filmar.
Com um telefonema rápido ao ator Amr Waked, um dos apoiadores de primeira hora da insurreição em 2011, e à atriz Farah Youssef, em algumas horas o trio estava filmando uma cena na Praça Tahrir na qual um homem procura a namorada em meio à multidão.
O resultado é "Winter of Discontent", filme com uma mensagem de esperança que marca uma posição mais otimista do diretor que passou quase duas décadas retratando o desespero da guerra.
"De tudo que tinha testemunhado, havia visto apenas seres humanos em pedaços e almas partidas", afirmou El-Batout. "Naquele dia na Tahrir, vi pessoas voltando à vida e isso é incrível."
"Olhava nos olhos delas e pensava 'vocês estavam mortas há 18 dias. Agora vocês estão de volta'. Isso eu nunca tinha visto em outro lugar."
O filme acompanha um ativista, um jornalista e um agente da segurança do Estado em 2009 e a forma como eles convergem dois anos depois, durante o levante de 18 dias da "Primavera Árabe" no Egito contra Mubarak e seu aparato de segurança.
El-Batout e Waked afirmaram que o filme não é sobre os acontecimentos políticos no Egito, mas uma tentativa de mostrar de que forma algo positivo pode emergir da agonia humana.
"Ele é uma mensagem sobre a resiliência humana", afirma Waked.
O realismo da primeira cena reflete o background de El-Batout - ele registrou mais de 12 guerras ao redor do mundo, incluindo na Bósnia e em Ruanda.
Ele foi premiado pelo filme anterior "“Ain Shams" e foi finalista do Sony International Impact Award de 2003 pelo documentário "Mass Graves in Iraq".
O filme estreará no 69º Festival de Veneza em 29 de agosto, competindo na seção Orizzonti, de novas tendências do cinema mundial.
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