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"A película vai acabar", diz Keanu Reeves ao lançar filme sobre o avanço digital no cinema

Em "Side By Side", Reeves discute impacto da tecnologia digital na arte cinematográfica tradicional -  Jean Blondin / Reuters
Em "Side By Side", Reeves discute impacto da tecnologia digital na arte cinematográfica tradicional Imagem: Jean Blondin / Reuters

22/08/2012 17h43

O novo filme de Keanu Reeves, "Side By Side" ("lado a lado"), não tem perseguições automobilísticas, explosões ou balas em câmera lenta como as de "Matrix". Mas, para os cinéfilos, há algo mais valioso do que isso – um olhar de dentro para fora sobre o impacto da tecnologia digital na arte cinematográfica tradicional.

Reeves é coprodutor e entrevistador no documentário de 98 minutos, dirigido por Chris Kenneally. Nele, personalidades como James Cameron, David Fincher, David Lynch, George Lucas, Danny Boyle, Martin Scorsese, Christopher Nolan e Steven Soderbergh falam sobre as diferenças entre filmar com película ou em suporte digital.

"Side By Side" estreou em 17 de agosto em Los Angeles, e chega a salas de outras cidades norte-americanas nas próximas semanas. A partir de quarta-feira (22), está disponível também em vídeo "on-demand", mas só para quem estiver nos EUA.

Recentemente, Reeves falou à Reuters sobre o filme.

Pergunta: De onde veio a ideia de "Side By Side"?
Keanu Reeves: Há um par de anos, eu estava trabalhando naquele filme "A Ocasião Faz o Ladrão", que eu também produzi, e estava conversando com Chris Kenneally sobre toda a nova tecnologia digital e todas as mudanças na indústria. Estávamos sentados na ilha de pós-produção tentando acertar a imagem fotoquímica com a imagem digital, lado a lado, e aí caiu a ficha para mim – a película vai acabar, e deveríamos documentar toda essa evolução. Então Chris e eu gradualmente montamos uma equipe para fazer o documentário.

O filme tem entrevistas com uns 70 cineastas de ponta, diretores de fotografia e outros especialistas. Como você reuniu tudo isso?
Não foi fácil e levou quase um ano para filmar todo mundo. Começamos no festival Camera Image em 2010 na Polônia, e peguei um monte de (diretores de fotografia) lá, inclusive todos os grandes com quem trabalhei, como Vittorio Storaro, Michael Chapman e Michael Balhaus. Esse foi nosso começo, aí o boca a boca se espalhou, e comecei a contatar alguns dos diretores com quem trabalhei nos últimos 25 anos... Acabamos conseguindo quase 150 pessoas, e aí tivemos de cortar para o filme final.

Chris Nolan sempre foi um inflamado defensor da película em contraposição ao digital. É verdade que você apelou aos seus sentimentos antidigitais escrevendo-lhe uma carta à moda antiga?
Sim, realmente lhe escrevi numa máquina de escrever antiga. Acho que ele ficou tocado com aquilo, e finalmente gravamos com ele no seu trailer no "Batman" em Los Angeles.

Depois de fazer o documentário, como você se sente sobre o futuro da película? Ela morreu?
Acho que sim. Até Chris Nolan admite que a película, se não morreu, sobrevive por aparelhos, e que vai ficar cada vez mais difícil até mesmo conseguir película. Pessoalmente, sou um grande fã da película, e é triste vê-la ir embora, mas o futuro é digital.