Com Ben Stiller, "Vizinhos Imediatos de 3º Grau" fica no básico e falha em surpreender

A comédia "Vizinhos Imediatos de 3º Grau", de Akiva Schaffer, começa de forma até promissora, com ironias à paranoia diante do que é diferente e contando com um notável trio de atores: Ben Stiller ("Uma Noite no Museu"), Vince Vaughn ("Penetras Bons de Bico") e Jonah Hill ("Anjos da Lei").

Seu cenário é a cidadezinha de Glenview, em Ohio, no coração dos Estados Unidos, onde os moradores -- a maioria brancos de classe média-- convivem harmoniosamente. Para o gerente de supermercado Evan (Ben Stiller), Glenview é o melhor lugar de toda a galáxia e ele não se interessa por aquilo que há "lá fora", ou seja, o resto do mundo.

Evan participa do grupo de corrida, do clube de espanhol, é amigo de uma viúva coreana e está procurando um amigo afrodescendente. É o retrato de um norte-americano médio, cheio de boa vontade e com muitas limitações para entender tudo que fuja ao seu padrão.

Evan e seus amigos, Bob (Vince Vaughn), o gorducho Franklin (Jonah Hill) e o inglês Jamaicus (Richard Ayoade), formam uma força-tarefa para vigiar seu bairro quando um segurança mexicano, depois de conseguir cidadania norte-americana, morre misteriosamente no supermercado, onde Evan é o gerente.

Apesar de incompetente, o quarteto descobre uma ameaça de outro planeta. É quando a história revela uma invasão alienígena e descobre-se que "eles sempre estiveram entre nós". A essa altura, o filme poderia servir como uma alegoria sobre as minorias ignoradas ou mesmo discriminadas nos Estados Unidos -- homossexuais, afrodescendentes, imigrantes latinos.

Mas, no fim, o longa entrega os pontos e vira uma espécie de "Se Beber Não Case" com alienígenas, uma comédia sem qualquer tipo de amarra, com muitos palavrões e situações bizarras.

"Vizinhos Imediatos de 3º Grau" não segue o que sugere no início e se contenta com o básico, com um ar de nostalgia em relação aos filmes da década de 1980 -- como "E.T. - O Extraterrestre" e "Os Invasores de Corpos", em que alienígenas se disfarçam de humanos.

Enquanto satiriza a paranoia norte-americana sobre segurança -- uma mulher no supermercado olhando uma fruta por mais de 10 segundos é um extraterrestre vendo algo novo --, o filme aponta para um caminho que não segue. Parece que o diretor não se deu conta que a realidade pode ser mais absurda -- e até engraçada -- do que a ficção banal.

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