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Esquemas de Wall Street se tornam dramas pessoais em "Arbitrage"

Susan Sarandon e Richard Gere em cena de "Arbitrage" - Divulgação
Susan Sarandon e Richard Gere em cena de "Arbitrage" Imagem: Divulgação

Lisa Richwine

14/09/2012 12h44

No seu novo drama "Arbitrage", Richard Gere leva os negócios obscuros de Wall Street para a tela grande no papel de um chefão de um fundo de hedge tentando cobrir perdas enormes de um investimento de cobre arriscado.

A conspiração lembra os escândalos da vida real e os banqueiros que fizeram as manchetes e geraram desprezo popular com Wall Street durante a crise financeira recente. Embora o público possa estar sedento para assistir à queda de um banqueiro ganancioso, o personagem de Gere no filme que estreia nos cinemas dos EUA nesta sexta-feira não é um cara totalmente ruim.

O bilionário ficcional Robert Miller "não é uma pessoa má", insiste a estrela de 63 anos de "Uma Linda Mulher" e "Chicago". Mas, Gere admite, o presidente-executivo de fato "passa a vida acreditando em sua própria arrogância" e, ao longo do caminho, "toma decisões muito ruins".

Apesar dos atos ilegais e da riqueza imensa de Miller, o público verá um lado humano com que vai se familiarizar, disse Gere. "Eu fiquei muito satisfeito por quantas pessoas vieram até mim e disseram que se sentiam mal porque se identificaram muito com ele e queriam que ele se livrasse de seus problemas", disse o ator à Reuters.

O escritor e diretor Nicholas Jarecki, que cresceu no mundo da alta finança como filho de dois operadores de commodities de Nova York, disse que o personagem de Miller surgiu a partir da crise financeira de 2008.

"Os caras estavam sendo tão transformados em vilões naquele momento", afirmou Jarecki, e ele queria explorar como eles fizeram decisões dentro de um sistema que deixa as pessoas tentadas com grandes recompensas, mas com imenso risco. Ele descreve "Arbitrage" como "o clássico conto trágico de um bom homem que se deu mal".

A arte imita a vida
O Miller charmoso e sempre confiante em "Arbitrage" esbanja os mimos de seu sucesso - uma linda casa em Manhattan, uma bela esposa (Susan Sarandon), filhos amáveis, uma jovem amante francesa, e mais dinheiro do que uma pessoa precisa.

 

A aparente vida perfeita é ameaçada quando Miller perde 400 milhões de dólares do dinheiro de seu cliente através de um investimento em uma mina de cobre russa. Acostumado a sempre triunfar, ele faz um esquema para esconder as perdas com livros contábeis falsos e rapidamente vende sua empresa antes que a fraude venha à tona.

Ainda pior, Miller está encobrindo outro crime que coloca sangue de verdade em suas mãos, temendo que isso irá ameaçar a venda de sua empresa.

Para despistar um detetive no seu encalço, ele precisa da ajuda de um jovem na extremidade oposta da escada econômica. Miller tem tão pouco contato com o mundo de seu cúmplice, que ele tem que perguntar a ele "o que é um (restaurante) Applebee's?".

Quando ele criou o lado gênio financeiro do personagem Miller, Jarecki disse que se baseou nos magnatas Warren Buffett, Richard Branson, e nos lendários gestores de fundos de hedge John Paulson e James Simons.

Mas o investidor mais próximo de Miller, disse Gere, é Jamie Dimon, o presidente-executivo do JP Morgan Chase que recentemente revelou uma perda comercial de 5,8 bilhões de dólares em seu banco.

Como Dimon, Miller é "alguém que é conhecido por sempre vencer", até que uma grande aposta dá errado.

Jarecki disse que teve como objetivo fazer um suspense divertido, em vez de enviar qualquer mensagem sobre Wall Street. Mas se houvesse qualquer lição a ser aprendida, ele concluiu que "há algo no nosso sangue que nos leva em direção a bolhas (financeiras)", disse ele.