Excesso de tramas e personagens faz "Polissia" parecer uma série de TV "esticada"
Após estrear no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, o longa francês "Polissia" chega a São Paulo para mostrar o cotidiano de uma unidade especial da polícia parisiense designada para investigar crimes contra menores. É um cotidiano barra-pesada,que os membros do grupo tentam enfrentar com humor (assista a um trecho exclusivo do longa).
Escrito e dirigido pela atriz Maïwenn, o filme nem sempre se sustenta por conta de excessos de personagens e tramas e se aparenta com um episódio mais longo de uma série de TV: nem mesmo com mais de duas horas de duração consegue mostrar profundidade. Mas desse caos proposital, ainda é possível emergir doses de humanismo que fazem o filme valer a pena.
Ganhador do Prêmio do Júri, no Festival de Cannes do ano passado, "Polissia" monta pequenos dramas e os insere num universo maior. Descortina a vida de policiais, vítimas e pedófilos, criando um painel de histórias interligadas por tema e pelo quartel-general.
Mais importante do que os casos que investigam são os efeitos causados nos policiais que, mesmo experientes, se chocam com as atrocidades de alguns casos.
A melhor parte do filme na performance naturalista do elenco, que inclui Karin Viard ("Inferno"), Marina Foïs ("Para Poucos"), Nicolas Duvauchelle ("Minha Terra, África") e Frédéric Pierrot ("A Guerra Está Declarada").
Já Maïween faz um personagem mal desenvolvido e sem sentido durante todo o filme -- uma fotógrafa selecionada pelo Ministério do Interior para registrar o trabalho na Unidade.
"Polissia" agrada mais por partes isoladas, quando visto pelo conjunto. O clímax e a cena final parecem bastante apressados, sem uma construção dramática mais convincente.
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