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Drama sobre amizade, "Rota Irlandesa" aborda efeitos colaterais de guerras como a do Iraque

Cena do filme "Rota Irlandesa", de Ken Loach, que vai estrear no cinemas paulistanos no dia 5 de outubro - Divulgação / Vinny Filmes
Cena do filme "Rota Irlandesa", de Ken Loach, que vai estrear no cinemas paulistanos no dia 5 de outubro Imagem: Divulgação / Vinny Filmes

Alysson Oliveira

Do Cineweb*

04/10/2012 11h16Atualizada em 05/10/2012 04h52

A Rota Irlandesa, em Bagdá, tem cerca de 12 quilômetros de extensão e foi considerada a estrada mais perigosa do mundo, ligando o aeroporto da capital iraquiana a uma região fortificada conhecida como Zona Verde -- mais tarde, Zona Internacional.

VINGANÇA É LEGÍTIMA?

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    Drama escrito por Paul Laverty, "Rota Irlandesa" questiona a validade do desejo de se vingar

A via serve também como metáfora para o longa "Rota Irlandesa", de Ken Loach. O personagem central, que esteve no Iraque como segurança privado, está em busca da verdade sobre o que aconteceu com seu melhor amigo, morto quando estava supostamente em ação. O longa estreia apenas em São Paulo nesta sexta-feira (5).

Conhecido pelo cinema de empenho social, o premiado diretor inglês, responsável por obras como "Meu Nome é Joe" e "À Procura de Eric", não deixa de lado sua crença na capacidade dos filmes para denunciar e questionar.

Ao voltar a câmera para a guerra do Iraque, Loach não fala apenas das atrocidades do conflito, mas também das vidas despedaçadas daqueles que estão fora do campo de batalha, compondo um retrato intimista das consequências da guerra.

O protagonista é Fergus (Mark Womack), ex-agente de segurança privado que voltou do Iraque. Frankie (John Bishop), seu melhor amigo, ficou no país asiático, atraído pelo bom salário do exército britânico em tempos de desemprego na Europa. Mais tarde, quando recebe a notícia da morte do companheiro, Fergus resolve investigar por conta própria o que aconteceu.

Durante o funeral, o protagonista obtém o aparelho celular do amigo, recebido das mãos da dona de um bar onde os dois amigos iam durante as folgas.

O que há no celular é assustador: um vídeo de civis sendo mortos por um grupo de profissionais da mesma empresa de segurança para a qual Frankie trabalhava. Desconfiado da conexão desse vídeo com a morte do amigo, Fergus leva o aparelho para Harim (Talib Rasool), um músico iraquiano capaz de traduzir os diálogos.

Harim fica horrorizado com o que vê e pede para colocar o vídeo na internet e tornar a denúncia pública -- mas Fergus quer fazer justiça sozinho.

Já Rachel (Andrea Lowe), viúva de Frankie, num primeiro momento culpa Fergus, já que foi ele quem convenceu o marido a ir para o Iraque. Com o tempo, une-se a ele para descobrir a verdade sobre a morte.

VEJA TRAILER LEGENDADO DE "ROTA IRLANDESA"

Escrita por Paul Laverty, colaborador habitual de Loach, a trama entra não apenas na questão da guerra, mas também debate a legitimidade da vingança. O resto de humanidade que sobrava em Fergus some após Fergus colocar como único objetivo de vida matar os assassinos do amigo.

Além do direito à vingança, há também a questão da falibilidade da Justiça -- afinal, informações são manipuladas de acordo com interesses, o que Fergus, cego pela fúria, não percebe direito.

Com o filme, um tanto sombrio, Loach e Laverty parecem dizer que não há uma saída simples para situações como as criadas por guerras -- mesmo que alguns as encarem como sinônimos de lucro.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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