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Comunidades cariocas alteradas pela UPPs são tema central do documentário "5x Pacificação"

Cena de "5x Pacificação", filme sobre o cotidiano das favelas cariocas pós-UPPs - Divulgação / H2O RioFilme
Cena de "5x Pacificação", filme sobre o cotidiano das favelas cariocas pós-UPPs Imagem: Divulgação / H2O RioFilme

Neusa Barbosa

Do Cineweb*

14/11/2012 17h53Atualizada em 14/11/2012 22h49

O documentário "5x Pacificação" propõe um balanço sobre a implantação das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que vêm transformando o panorama de violência que abalava muitas comunidades do Rio de Janeiro. O longa vai estrear no circuito nacional nesta quinta-feira (15).

Dirigido por Cadu Barcellos, Luciano Vidigal, Rodrigo Felha e Wagner Novais -- que têm no currículo "5x Favela" (2010) --, o filme carrega desde o início a autenticidade de ser conduzido por um olhar de dentro, já que os quatro diretores são moradores de comunidades.

Moradores de locais como o Morro do Tabajara e Cabritos, Jardim Batam, Chapéu Mangueira, Morro Babilônia, Morro da Providência e Santa Marta conversam à vontade com a equipe que assina o filme. O assunto é como a vida mudou nos locais onde as UPPs já foram instaladas e o que esperam os habitantes dos lugares onde elas ainda não chegaram.

O primeiro ponto positivo apontado é a mudança de relacionamento entre moradores e a polícia, já que os policiais das UPPs são na maioria recém-formados, todos com um novo treinamento e "sem vícios", de acordo com o secretário de segurança carioca, José Mariano Beltrame. O grande número de mulheres chama a atenção dentro dos contingentes.

Há quem reclame, no entanto, que a chegada das UPPs criou dificuldades como a imposição de regulamentações e limites dentro das comunidades: a regularização do abastecimento de água trouxe o fim da rede informal e da gratuidade; ou o impasse com as companhias de mototáxis, avessas a limitações de circulação.

Os organizadores de bailes funk têm queixas porque a polícia impôs limites no horário das festas -- em geral, até 1h da manhã --, além de exigir implantação de extintores de incêndio e luz nas quadras de esporte que utilizam.

Mas é certo que os relatos de melhorias superam em muito as queixas. No Jardim Batam, por exemplo, não circulava nenhuma linha de ônibus devido aos constantes tiroteios, realidade que mudou radicalmente. No Morro da Babilônia, na esteira da pacificação, houve um reflorestamento que levou à bem-sucedida implantação de um projeto ecoturístico, que inclui caminhadas de visitantes de fora. Um projeto semelhante existe no morro Santa Marta.

É fato que resta muito por fazer. Uma das maiores preocupações é com o emprego dos jovens que deixam as fileiras do tráfico, atendidos por entidades como o AfroReggae -- que mantém uma parceria com diversas empresas e tem como coordenadores ex-traficantes como Fofo e Feijão. Este é ainda um dos assuntos mais polêmicos e sensíveis, já que há quem defenda uma anistia para vários garotos que querem sair do crime.

Outros moradores manifestam outra dúvida: e quando as UPPs partirem? Há quem tema uma retaliação dos criminosos expulsos pela ação pacificadora. Mas, de qualquer modo, ninguém quer ficar de fora da tentativa histórica, que já mudou a face do Rio de Janeiro.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

TRAILER DO DOCUMENTÁRIO "5X PACIFICAÇÃO"