Documentário "Muito Além do Peso" alerta sobre obesidade entre crianças no Brasil
Um dos problemas mais estarrecedores que a diretora e roteirista brasileira Estela Renner traz no documentário "Muito Além do Peso" é sobre o consumo de refrigerantes, prática comum entre 56% dos bebês com menos de um ano de idade no Brasil.
O alerta simboliza algumas das principais premissas da produção: a alta e precoce ingestão de açúcar, a hábitos alimentares menos saudáveis, pais desinformados, o malefício do bombardeio de propagandas e a clara predisposição das novas gerações serem ainda mais obesas.
Estes não são os únicos pontos explorados pela diretora, que se vale de uma série de entrevistas com especialistas, brasileiros e estrangeiros, sobre as consequências do sobrepeso infantil e as origens econômicas e sociais do fenômeno. O contexto brasileiro é equiparado ao internacional, mostrando como a doença já se transformou em pandemia.
Grandes empresas de alimentos e bebidas são apontadas como culpadas no filme, acusadas de omitir informações do consumidor, manter perversas estratégias de publicidade endereçadas a crianças e serem irresponsáveis sobre os resultados de suas ações. Uma das fontes ouvidas afirma que essas empresas são como traficantes, que viciam as crianças para que sejam dependentes por toda a vida.
Apesar de se apropriar de ideias já mencionadas em produções internacionais, como as usadas pelo chef inglês Jamie Oliver em "Jamie's Food Revolution", é no depoimento das crianças que o filme se afirma.
Ao se colocar também como personagem, Estela Renner acentua o esforço para ganhar a confiança daqueles que sofrem todos os estigmas por sua obesidade: crianças cujos exames médicos poderiam se confundir com o de idosos enfermos.
E elas mostram todo o prazer que sentem em beber refrigerantes, comer hambúrgueres, batatas fritas e bolachas -- apenas um pacote delas equivale a devorar oito pães franceses -- em uma vida sem exercícios físicos. "Temos apenas aula teórica de educação física na escola", uma delas chega a afirmar.
Pela severidade do problema, assertividade em sua edição e o didatismo de seu roteiro, o documentário poderia também ser muito útil em ações educativas. Afinal, como sustenta o filme, 33% das crianças brasileiras são obesas, sendo que quatro de cada cinco delas deverão manter-se nessa condição até o fim de vidas que têm tudo para ser mais curta.
*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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