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Com Caco Ciocler, "Disparos" procura construir suspense sobre violência no Rio

Caco Ciocler (à esquerda) e Gustavo Machado (à direita) em cena de "Disparos", filme de Juliana Reis - Divulgação
Caco Ciocler (à esquerda) e Gustavo Machado (à direita) em cena de "Disparos", filme de Juliana Reis Imagem: Divulgação

Alysson Oliveira

Do Cineweb, em São Paulo*

22/11/2012 12h58Atualizada em 23/11/2012 07h40

Em "Disparos", Gustavo Machado interpreta um fotógrafo --mas bem diferente daquele que fez em "Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios".

Na verdade, os dois filmes também não têm muito em comum a não ser a presença do ator. Escrito e dirigido por Juliana Reis, "Disparos" é um thriller policialesco e estiloso que aspira ser mais do que é, ou seja, tornar-se um comentário social sobre o estado das coisas.

É muita aspiração para um filme que se rende às convenções do gênero e se encanta com sua fotografia e montagem acelerada --ambas premiadas no Festival do Rio, em outubro passado. A trama gira em torno de Henrique (Machado), que é assaltado quando sai de um trabalho numa boate gay.

Os ladrões acabam atropelando uma pessoa, e ele recupera a câmera que registrou o ocorrido. Mas, quando volta ao local do acidente a fim de encontrar o cartão de memória, é preso pela polícia, que o acusa de omissão de socorro. Na delegacia, é questionado pelo inspetor Freire (Caco Ciocler, também premiado no Rio).

A trama se abre com flashbacks invadindo o depoimento de Henrique e formando um quebra-cabeças relacionando passado e presente. A cada cena que se repete, uma nova informação é adicionada. O longa é dividido em capítulos com títulos relacionados à prática fotográfica, como "Disparo" e "Exposição".

A linha tênue em que o protagonista caminha faz com que sua posição oscile --ora vítima, ora cúmplice, e, por fim, até agressor.

"Disparos" parece acreditar que tudo o que tem a dizer se resolve em seu esforço na forma.

As idas e vindas da trama não se justificam dramaticamente e resultam num mero exercício de estilo. Para um filme que se propõe a ser um retrato realista da violência urbana do Rio de Janeiro contemporâneo, a fotografia estilizada, a montagem que divide a tela em duas, entre outras coisas, só colaboram para tirar sua força.

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb