Personagens artificiais prejudicam "Entre o Amor e a Paixão", filme com Michelle Williams
O título nacional da comédia dramática "Take this Waltz" dá uma pista reveladora sobre o que é o segundo longa dirigido pela atriz canadense Sarah Polley. "Entre o Amor e a Paixão" fala de Margo (Michelle Williams, de "Sete Dias com Marilyn"), jovem que se casou cedo com Lou (Seth Rogen, de "O Besouro Verde"), escritor de livros de culinária.
A protagonista acaba se envolvendo com o vizinho Daniel (Luke Kirby), personagem com profissão poética, dessas que existem apenas no cinema e televisão -- ele conduz uma espécie de riquixá chinês.
Todo o mundo criado por Sarah parece um universo à parte, quase um outro planeta. As imagens do longa parecem artificiais, bem como os personagens, as performances e o desenrolar da trama.
Margo se apaixona e fica dividida entre o marido e o amante. A dúvida consome a protagonista e ela nunca faz algo que uma pessoa minimamente sensata faria: parar e pensar.
A protagonista se joga sem medir consequências e magoa não somente quem está à sua volta, mas a si mesma também. O que ela talvez custe a enxergar é que existe uma terceira via: nenhum dos dois, o que seria a escolha mais indicada dado o perfil dos personagens masculinos. Mas Margo está tão centrada em si mesma que é incapaz de ver além do próprio umbigo.
O mau gosto de Margo é uma das armadilhas do filme. Como alguém pode se interessar por personagens tão sem graça, cujas crises emocionais parecem a única opção de vida? A resignação do marido traído também é uma outra via, mas não mais atrativa. "Entre o Amor e a Paixão" segue esses personagens que nunca estão felizes, não sabem o que querem, mas não deixam de querer.
Pode-se até argumentar que o ser humano é assim, nunca sabe ao certo o que quer, deseja o que não pode ter, ou não dá valor ao que tem, e tantas outras frases tiradas da sabedoria popular. Mas será que todo mundo é assim mesmo o tempo todo? No universo de Sarah Polley, a resposta é afirmativa, desde os protagonistas até os coadjuvantes.
A artificialidade do filme contamina os personagens e, consequentemente, as relações humanas. Em seu primeiro filme, "Longe Dela" (2006), Polley fez um estudo delicado sobre um amor que sobrevive ao tempo e a outras adversidades, como a infidelidade ea doença de Alzheimer. Ao falar de pessoas bem mais velhas do que ela, a diretora parecia mais segura, mais à vontade do que aqui, no qual lida com personagens de sua geração.
O filme não é de todo ruim. O uso do antigo hit "Video Killed the Radio Star" é eficiente e bonito -- a alegria da música serve como um contraponto aos personagens um tanto sonsos.
*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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