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Apocalipse maia e "Guerra nas Estrelas" se esbarram em templo da Guatemala

Cena de "Guerra nas Estrelas: Uma Nova Esperança" gravada na Guatemala em 1977 - Divulgação
Cena de "Guerra nas Estrelas: Uma Nova Esperança" gravada na Guatemala em 1977 Imagem: Divulgação

Mike McDonald

18/12/2012 19h44

No centro da base rebelde de onde Luke Skywalker decolou para destruir a Estrela da Morte e salvar seu povo das garras de Darth Vader, a Guatemala se prepara para outro fato marcante: o fim de uma era para os maias. Nas profundezas da selva guatemalteca ficam as ruínas dos templos maias que George Lucas usou como locação para o planeta Yavin 4 na série "Guerra Nas Estrelas".

Nesta semana, no alvorecer da sexta-feira (21), termina uma era no chamado "calendário maia de contagem longa", um fato que foi associado por vários grupos ao fim dos tempos, ao começo de uma nova era mais espiritualizada, ou a uma boa razão para passear pelos antigos templos maias do México e da América Central.

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Outrora o coração de uma civilização conquistadora por mérito próprio, a antiga cidade de Tikal -- considerada "a Nova York do mundo maia", pelo porte dos seus edifícios - é hoje um centro de peregrinação tanto para fãs de "Guerra Nas Estrelas" quanto para entusiastas da cultura maia, ávidos por descobrirem exatamente o que significam as interpretações modernas das antigas lendas.

Na década de 1960, um influente acadêmico norte-americano disse que o fim do 13º "bak'tun" maia -- um período que dura cerca de 400 anos -- poderia significar um "Armageddon", embora muitos visitantes dos velhos templos acreditem que a virada do calendário possa prenunciar algo maravilhoso.

Descoberto em 1848, quando locais desencavaram crânios humanos com joias de jade encravadas nos dentes, Tikal atrai turistas do mundo todo.

Estudiosos dos maias e astrônomos rejeitam a ideia de que o mundo esteja à beira da destruição, mas místicos e buscadores de experiências espirituais continuam vindo atrás da energia de Tikal. Guardas do parque relatam ter expulsado 13 mulheres nuas que dançavam e cantavam em torno de uma fogueira perto dos templos.

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Tikal no cinema
Cercada por uma espessa floresta habitada por onças, macacos e tucanos, a vista para Yavin 4 do topo do Templo 4 de Tikal, conhecido como "templo da serpente de duas cabeças", pouco mudou desde a filmagem feita em 1977 por Lucas.

O cineasta escolheu Tikal ao ver um cartaz do lugar numa agência de viagens da Inglaterra, e em março de 1977 enviou uma equipe à Guatemala para filmar, no meio de uma guerra civil que duraria 36 anos.

Com um sistema de polias, a equipe instalou pesadas câmeras e refletores em cima do Templo 4, com 65 metros de altura, e pagou com cervejas um guarda que durante quatro noites vigiou o material, munido com uma espingarda, segundo moradores.

Um ano depois das filmagens, as cabanas onde a equipe se hospedou foram queimadas por guerrilheiros esquerdistas que combatiam o governo militar da época.

Yavin 4 e a base rebelde voltarão à trama de "Guerra Nas Estrelas" no Episódio 7 da série, anunciado em outubro pela Disney. Skywalker deverá regressar a seu planeta para montar uma academia de Cavaleiros Jedis. Muitos fãs, no entanto, dizem que as filmagens devem ocorrer em estúdio.

Os templos também apareceram em "007 Contra o Foguete da Morte", de 1979, em que o agente James Bond é atraído para o covil do seu inimigo Hugo Drax no meio da selva.

Guias locais preveem um grande afluxo de visitantes nesta semana, e o governo guatemalteco estima um recorde de 235 mil turistas estrangeiros em dezembro. Os hotéis em Tikal estão lotados.