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Políticos americanos são responsabilizados por desprezo a "A Hora Mais Escura" no Oscar

A atriz Jessica Chastain em cena do filme "A Hora Mais Escura", de Kathryn Bigelow - Divulgação
A atriz Jessica Chastain em cena do filme "A Hora Mais Escura", de Kathryn Bigelow Imagem: Divulgação

Jill Serjeant

11/01/2013 12h36

O desprezo a Kathryn Bigelow por parte dos eleitores do Oscar surpreendeu seu elenco e especialistas em premiações, com alguns apontando o dedo para os políticos de Washington pela ausência da diretora de "A Hora Mais Escura" na lista de candidatos à estatueta de melhor diretor.

Bigelow foi vista como a maior injustiçada das nomeações ao Oscar, depois que seu controverso suspense sobre a caçada a Osama bin Laden ganhou cinco indicações, incluindo melhor filme, mas a diretora em si foi cortada da disputa pelo prêmio de direção da maior honraria da indústria.

"Kathryn Bigelow foi roubada", tuitou Megan Ellison, uma das produtoras do filme, após o anúncio das nomeações, na quinta-feira (9).

O filme sobre a caçada de uma década dos EUA a Bin Laden está sob ataque feroz em Washington. Um grupo de senadores repreendeu em dezembro a distribuidora Sony Pictures em uma carta, chamando o filme de "grosseiramente impreciso e enganoso", por sugerir que a tortura ajudou os Estados Unidos a capturarem Bin Laden em maio de 2011.

O Comitê de Inteligência do Senado também lançou uma revisão das relações da CIA com Bigelow e o roteirista Mark Boal.

Observadores de Hollywood dizem que a publicidade negativa afetou as escolhas para os indicados ao Oscar feitas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, cujos 6.000 membros são profissionais da indústria.

O crítico Kenneth Turan, do Los Angeles Times, culpou o desprezo a Bigelow no que ele chamou de intimidadores de Washington.

"Resume-se as nomeações (ao Oscar) este ano como uma vitória para o poder de intimidação do Senado dos Estados Unidos e uma perda não merecida para 'A Hora Mais Escura' em geral, e para a diretora Kathryn Bigelow em particular", escreveu Turan, na quinta-feira.

Observando que o filme foi "quase universalmente reconhecido como formidável", Turan acrescentou que "três membros do Senado, um órgão deliberativo não previamente conhecido por seu talento cinematográfico, decidiram pegar no pé deste filme em particular".

Bigelow, que ganhou o Oscar de melhor direção e melhor filme em 2010 por "Guerra ao Terror", ficou em silêncio na quinta-feira. Mas Boal, que recebeu uma indicação pelo roteiro, disse incisivamente que "nenhum de nós seria tão honrado hoje sem a genialidade e talento notável de Kathryn Bigelow, e por ela somos eternamente gratos".

Bigelow e Boal já disseram várias vezes que o filme mostra uma variedade de métodos de inteligência que foram usados para encontrar Bin Laden, e negaram ser material confidencial vazado.

Jessica Chastain, que interpreta uma agente da CIA jovem e determinada, que rastreou o líder da Al Qaeda até uma casa no Paquistão, chamou-a sua indicação para melhor atriz de "doce e amarga". "Estou muito animada, mas também sinto o choque por Kathryn não ser nomeada", disse Chastain ao site de entretenimento TheWrap.com.

Falando na estreia do filme em Washington na terça-feira, Bigelow disse que considerou as críticas no Capitólio "surpreendentes, mas também respeito as suas opiniões e acho que, infelizmente, o filme tem sido descaracterizado".

Os diretores Ben Affleck ("Argo"), Quentin Tarantino ("Django Livre") e Tom Hooper ("Os Miseráveis") também ficaram de fora da lista de indicados à estatueta de melhor diretor, embora seus filmes estejam concorrendo a melhor filme.