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Documentário reúne depoimentos das mulheres da vida de Tom Jobim

Cena de "A Luz do Tom", filme de Nelson Pereira dos Santos sobre o maestro Tom Jobim - Divulgação / Bretz Filmes - RioFilme
Cena de "A Luz do Tom", filme de Nelson Pereira dos Santos sobre o maestro Tom Jobim Imagem: Divulgação / Bretz Filmes - RioFilme

Alysson Oliveira

Do Cineweb*

07/02/2013 12h02Atualizada em 08/02/2013 08h03

O documentário "A Luz do Tom", de Nelson Pereira dos Santos, é um complemento a "A Música Segundo Tom Jobim", codirigido por Nelson e Dora Jobim. No filme lançado no ano passado, o foco era a música do compositor e maestro brasileiro, morto em 1994. Gravações famosas e raridades compunham um panorama da carreira de Jobim, que começou nos anos 1950.

Como o próprio Nelson anunciou no lançamento do longa anterior, este segundo documentário segue um estilo mais convencional, com entrevistas. Juntos, os filmes formam um díptico, estabelecendo um diálogo entre a vida e a obra do músico. Baseado na biografia "Antonio Carlos Jobim - O Homem Iluminado", escrita pela irmã Helena Jobim, o longa se propõe a fazer um retrato intimista do músico por meio do depoimento das três principais mulheres de sua vida.

A primeira entrevista é da própria Helena, que relembra a infância e juventude, na Lagoa e Ipanema, quando o casal de irmãos dividia um piano. Usando um chapéu de Tom enquanto dá seu depoimento em praias de Santa Catarina, ela conta curiosidades como o fato de seu irmão ter nascido com a ajuda da mesma parteira de Noel Rosa. É ela quem revela a dedicação de Tom, que chegou a estudar arquitetura, mas abandonou por sua paixão musical.

Já Thereza Hermanny, que foi casada com Tom de 1949 a 1985, recorda os primeiros anos da carreira do músico, suas horas de dedicação ao trabalho, a parceria com Vinicius de Moraes e quando os Estados Unidos o descobriram. Ela confessa que achou que ele ficaria lá por algumas semanas, mas a permanência acabou prolongando-se por muitos meses, o que a obrigou a mudar-se temporariamente para o país, para ficar ao lado do marido, que se tornara um músico famoso.

Com Ana Lontra Jobim, sua segunda mulher, Tom também estabeleceu uma parceria profissional. Ela é fotógrafa e juntos fizeram alguns livros, nos quais ele assinava o texto e ela, as imagens. Além de contar episódios do namoro dos dois, é Ana quem fala do Tom na maturidade, em profundo contato com a natureza.

O depoimento de Thereza foi gravado na Região Serrana do Rio, enquanto o de Ana, no Jardim Botânico carioca -- ao qual Tom se referia como "o jardim de sua casa". Dessa forma, a natureza está sempre presente ao longo do documentário. Os sons de aves, do vento e do mar servem de fundo para os depoimentos, enquanto as imagens casam com perfeição com trechos de músicas do compositor.

Cineasta veterano, conhecido por longas como "Rio 40 Graus" (1955), "Vidas Secas" (1963) e "Memórias do Cárcere" (1984), Nelson assinou dois documentários sobre Sérgio Buarque de Holanda (ambos em 2003) e, agora, vê em Tom Jobim uma fonte para estes dois longas, cujos roteiros foram assinados pela diretora Miúcha Buarque de Holanda, filha de Sérgio e irmã de Chico, outra amiga de Tom Jobim.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

TRAILER DO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO "A LUZ DO TOM"