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Em entrevista sobre "Em Transe", Danny Boyle diz que grandes estrelas distorcem filmes

O cineasta Danny Boyle é visto no 62º Directors Guild Of America Awards na Califórnia, nos EUA, em janeiro de 2010 - Getty Images
O cineasta Danny Boyle é visto no 62º Directors Guild Of America Awards na Califórnia, nos EUA, em janeiro de 2010 Imagem: Getty Images

Em Los Angeles

03/04/2013 15h10

Depois de produzir a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, o cineasta britânico Danny Boyle está de volta ao cinema com "Trance".

A charada psicológica, que estreia nos cinemas dos EUA na sexta-feira (5), é estrelada por James McAvoy como um homem que se junta a um criminoso (Vincent Cassel) para roubar uma pintura, mas sofre uma pancada na cabeça durante o assalto. Incapaz de se lembrar onde ele escondeu a pintura, o homem trabalha com uma hipnoterapeuta (Rosario Dawson) para recuperar a memória.

O cineasta britânico, de 56 anos, sentou-se com a Reuters para falar sobre "Em Transe" e sobre porque é pouco provável que ele volte a trabalhar com uma grande estrela.

Reuters: O filme se passa em Londres, mas suas três principais estrelas são um britânico, uma americana e um francês. No entanto, o cenário é algo indefinido. Você poderia ter filmado em qualquer lugar?

Danny Boyle: O plano original era filmar em Manhattan com uma menina inglesa porque sempre achamos que ela deveria ser de algum lugar distante, para que não tivesse algum lugar para o qual escapar rapidamente.

Então, o que aconteceu?

Nós tivemos esse trabalho para a Olimpíada, então percebemos que se nós fôssemos fazer o filme, teríamos que localizá-lo em Londres e usar uma garota americana. Mas eu ainda estou muito interessado em trabalhar em Nova York. Eu nunca fiz um filme lá e eu acho que qualquer cineasta sério precisa fazer um filme em Nova York.

O personagem de McAvoy é colocado sob inúmeros transes por Dawson. Alguma vez você também se submeteu ao transe por motivos de pesquisa?

Não, sou muito maníaco por controle! (risos) Diretores são loucos por controle. Eles estão sempre tentando controlar tudo!

Seus filmes geralmente não têm grandes estrelas. Se Brad Pitt viesse para você e dissesse: "Eu quero estar em seu filme" você o contrataria?

Com este filme, por exemplo, escolher uma super estrela para um desses três papéis o distorceria. Você quer que os três personagens se sintam equivalentes, de modo que você não tenha certeza de quem vai dominar. Se você tem um grande papel principal, você poderia usar uma grande estrela de cinema, mas tendemos a não fazer isso porque gostamos de manter um orçamento limitado. É como ter um teto que você não pode romper.

  • Divulgação

    Pôster de "Em Transe", de Danny Boyle

E o que há de errado em quebrar isso?

Grandes estrelas do cinema geralmente querem um dinheiro grande porque vão gerar muito lucro para você. Portanto, é compreensível economicamente, mas distorce seu filme. Tentamos operar este teto, em que você tenta fazer com que 20 milhões de dólares pareçam 100 milhões de dólares. Eu adoro esse tipo de disciplina.

Você sempre esteve na vanguarda da tecnologia. O que você vê surgindo no futuro próximo?

O exemplo que vou dar é o meteoro da Rússia (que explodiu sobre os Urais em 15 de fevereiro). É um fato que todo mundo que dirige um carro na Rússia agora tem uma câmera funcionando durante todo o tempo da viagem, pois muitas pessoas estavam solicitando créditos falsos de seguros. Então você tem esse meteoro viajando a 44.000 milhas por hora (70.811 km/h) e por causa das câmeras no carros, temos várias imagens dele chegando à Terra. Você tem este filme incrível de um meteoro chegando!