Coprodução Brasil-Argentina, "Juan e a Bailarina" traz trama delicada
Para o bem e para o mal, "Juan e a Bailarina", uma coprodução entre Brasil e Argentina, mais se assemelha a uma produção de lá do que de cá. Isso não apenas por ser falado em espanhol, mas por sua temática e o jeito intimista de contar uma história, o que os argentinos sabem fazer muito bem. Por outro lado, não dispensa os vícios e tiques que parecem enraizados no cinema platino.
Escrito e dirigido pelo brasileiro Raphael Aguinaga, tem como cenário um asilo que reúne velhinhos fofos e doces com lições de vida a ensinar. São típicos representantes da classe média, a única classe social que parece existir para o cinema argentino. Praticamente sem contato com os filhos ou outros familiares, que os abandonaram, são cuidados por uma enfermeira.
Quando ela viaja, todos ficam sob a supervisão do filho dela (Pablo Lapadula) -- a quem apelidaram de "a bruxa". Ao mesmo tempo, o mundo está recebendo a espantosa notícia de que a Igreja Católica clonou Jesus Cristo, que é "apresentado" numa entrevista coletiva no Vaticano e ainda arruma uma namorada portadora do vírus HIV.
VEJA TRAILER DO FILME "JUAN E A BAILARINA"
São todas histórias, no entanto, que acontecem como pano de fundo do filme, coisas que os personagens ouvem no rádio ou veem na televisão.
Juan (Arturo Goetz) é um cientista que deixou de acreditar em Deus depois de perder sua mulher. Alicia (Marilu Marini) acaba de chegar ao lugar e ainda está descobrindo quem são seus novos colegas, sentindo saudades do neto pequeno, a quem quer visitar. Eles encontrarão um no outro alento para suas dores, enquanto o mundo ao redor, e fora do asilo, está em estado de caos.
Aguinaga filma com delicadeza e dá tempo a cada um dos dois personagens centrais, enquanto os coadjuvantes parecem figuras um tanto planas, especialmente o filho da enfermeira. Ainda assim, há algo interessante na história dessas pessoas.
*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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