"Homem de Ferro" marca aposta de Hollywood no mercado chinês
Quando "Homem de Ferro 3" estrear na China, as cópias incluirão a presença de uma atriz chinesa, Fan Bingbing, e algumas imagens filmadas no país -- acréscimos destinados a agradar ao cada vez mais lucrativo mercado cinematográfico do país.
Os coprodutores DMG Entertainment, uma firma chinesa, e a Marvel Studios, subsidiária da Disney, também esperam que as alterações facilitem a passagem do filme pela rigorosa censura chinesa, que tem regras draconianas e eventualmente confusas para filmes ocidentais.
"Não há lei do cinema na China, e nenhum padrão específico. Os membros do comitê censurem filmes totalmente por seu próprio julgamento", disse o crítico cinematográfico Zhu Dake, de Xangai.
Mais "Homem de Ferro 3"
Todo filme a ser exibido na China passa pelo Comitê de Censura Cinematográfica, composto por 37 membros, incluindo funcionários públicos, acadêmicos, editores de revistas especializadas e cineastas. Eles barram cenas de nudez, violência e temas politicamente delicados.
Além disso, os filmes ocidentais devem cumprir as "opiniões de emenda" para se tornarem um dos 34 longas de Hollywood com lançamento autorizado na China a cada ano. Os que são aprovados competem num mercado lucrativo, em que as bilheterias cresceram 30 por cento em 2012, chegando a 17,1 bilhões de iuanes (2,77 bilhões de dólares).
As emendas continuam sendo desconhecidas, e os membros do comitê não foram localizados para comentar.
Os filmes importados, responsáveis por mais da metade das bilheterias na China no ano passado, se tornaram mais flexíveis por causa disso. "Skyfall", última aventura de James Bond, cortou várias cenas delicadas, ao passo que o thriller de ação "Looper" acrescentou artistas chineses ao seu elenco.
Em "Homem de Ferro 3", que estreia na quarta-feira (1º), Robert Downey Jr. vive o herói Tony Stark, e Ben Kingsley interpreta o Mandarim, um vilão de ascendência chinesa, o que poderia acender uma luz vermelha nos censores. Na versão para esse país, no entanto, o nome é traduzido como "Man Daren", eliminando qualquer alusão explícita à China.
Em "Homem de Ferro 2", em 2010, os censores já haviam "maquiado" alusões à Rússia, país que tem afinidade política com Pequim.
Mas nem sempre o trâmite pela censura é tranquilo. Neste mês, a estreia de "Django Livre", de Quentin Tarantino, foi repentinamente cancelada. Distribuidores alegaram "razões técnicas", mas o crítico Zhu acha que o motivo foi mais político. Segundo ele, a trama, na qual um europeu incita escravos dos EUA a se rebelarem, pode ter sido o motivo.
"Ele é uma força externa incitando as pessoas a se erguerem contra a escravidão, o que pode ser reminiscente da realidade social chinesa", afirmou ele.
Na semana passada, a distribuidora norte-americana do filme disse ter sido autorizada a lançá-lo em maio na China. Uma fonte de Hollywood disse que cortes adicionais foram feitos, mas não revelou quais.
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