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Comédia "O Concurso" tenta abrasileirar "Se Beber, Não Case"

Alysson Oliveira

Do Cineweb*

18/07/2013 14h14

A comédia brasileira "O Concurso" tenta ser, ao menos no começo, uma versão nacional de "Se Beber, Não Case". Logo o esforço se mostra em vão, já que o filme traz situações de humor que parecem recicladas de programas de TV como "Zorra Total" ou "A Praça é Nossa". O filme é dirigido pelo ex-ator Pedro Vasconcelos, que estreia no cinema depois de uma carreira na direção de novelas como "Paraíso" e "Morde & Assopra".

Até a estrutura segue o modelo da comédia norte-americana, acompanhando um grupo de sujeitos que se envolve em confusões ao longo de uma noite, e, quando acordam no dia seguinte, perdem um evento importante. Neste caso, é uma prova para juiz federal, que fariam no Rio de Janeiro.

O quarteto principal é formado pelo paulista Bernardo -- Rodrigo Pandolfo, presença quase onipresente nos últimos meses no cinema nacional, atuando em "Minha Mãe É Uma Peça" e "Faroeste Caboclo" --, o cearense Freitas, interpretado por Anderson Di Rizzi (ator da novela "Amor à Vida"), o gaúcho Rogério Carlos (Fábio Porchat) e o carioca Caio (Danton Mello).

TRAILER DA COMÉDIA BRASILEIRA "O CONCURSO"

Cada um deles apresenta uma característica estereotipada e um sotaque que oscila ao longo do filme. Bernardo é do interior de São Paulo, tímido e virgem. Freitas é apegado à fé e para tudo faz uma promessa. Freitas é o gaúcho típico, reprimido pela figura paterna (Jackson Antunes), para quem, se o rapaz não passar na prova, será um homem que deu errado, ou seja, segundo ele, um catarinense. Já Caio é o malandro carioca, com vários contatos -- inclusive com o submundo --, que consegue o gabarito da prova.

Quando os outros três descobrem que Caio terá acesso à prova, este os convence a entrar no golpe, explicando que saberão apenas as questões. Cada um estudará por si as respostas, para ser aprovado no teste.

O que segue são as confusões do quarteto, envolvendo uma disputa entre duas gangues lideradas por anões, Sabrina Sato como uma atiradora de facas ninfomaníaca, disposta a tirar a virgindade de Bernardo, closes do traseiro nu de um dos atores e um desembargador que é a cara do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.

Se o diretor Vasconcelos aqui mostra não ter o menor timing para comédia, a culpa não é só dele. Verdade que o roteiro não ajuda muito. Ainda assim, atuações mais convincentes eram esperadas, dado o passado do cineasta como ator. Mas aqui todos estão exagerados, até para uma comédia, mais preocupados em manter um sotaque -- o que nem sempre acontece.

Um dos poucos momentos realmente engraçados de "O Concurso" inclui Fábio Porchat vestido de drag queen e a voz de Gloria Gaynor -- dado o talento dele para comédia, é de se desconfiar que muito dessa cena seja ideia dele mesmo.

*As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb